![](https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2024/07/Postos-de-atendimento-e-escolas-da-agencia-UNRWA-tem-estado-sob-ataque-continuado-de-Israel-Reproducao.jpg)
Nem mesmo os nazistas, na Segunda Guerra, classificaram organizações humanitárias, a exemplo da Cruz Vermelha, como “terroristas”
Sob crescente isolamento internacional, o governo israelenses atinge uma nova etapa de “política de inversão sistemática da realidade praticada por um Estado fascista” ao taxar de “terrorista” a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA), é o que aponta artigo do site francês Contre Attaque ao defender a reconhecida agência internacional, respeitada por prestar assistência a mais de dois milhões de habitantes na Faixa de Gaza – e que teve quase 200 dos seus 13 mil funcionários abatidos pelos israelenses desde o início dos bombardeios – e destaca que seu “papel é absolutamente fundamental para a sobrevivência de toda uma população”.
Segue o artigo*:
ISRAEL ATENTA CONTRA AGÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS
UNRWA é a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados da Palestina no Oriente Próximo. É a agência humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável, em particular, por satisfazer as necessidades da população de Gaza. A UNRWA emprega 13.000 pessoas e presta assistência diária a mais de dois milhões de habitantes de Gaza, atualmente vítimas de uma operação genocida, da fome organizada e de bombardeios incessantes.
Em 22 de julho, o Knesset, o parlamento israelense, aprovou um projeto de lei que torna a UNRWA uma organização classificada como “terrorista” por Israel. Isto visa tornar “legais” e justificar todos os bombardeios contra escolas e outras infraestruturas humanitárias geridas pela Agência, mas também os assassinatos de membros do seu pessoal. Desde 7 de Outubro, o exército israelense arrasou quase todas as escolas da ONU em Gaza, que servem de refúgio aos palestinos, e matou quase 200 funcionários da UNRWA.
Esta votação também privará Gaza de uma agência internacional cujo papel é absolutamente fundamental para a sobrevivência de toda uma população.
Em janeiro passado, Israel criou estas notícias falsas a nível mundial, afirmando em todos os meios de comunicação que a UNRWA era na realidade um covil de “terroristas” e que membros do seu pessoal tinham “participado diretamente nos ataques de 7 de Outubro”.
Dois dias antes, a Corte Internacional de Justiça, o mais alto tribunal internacional, reconheceu que tinha fundamento legal a acusação de genocídio contra o povo palestino cometido pelo Estado de Israel.
A acusação de “terrorismo” contra a organização humanitária em Gaza foi na verdade um rude contra-ataque a esta decisão histórica.
No entanto, esta afirmação israelense não verificada teve um efeito imediato: 10 países ocidentais cortaram o seu financiamento à UNRWA. Nomeadamente os Estados Unidos, o principal doador com 300 a 400 milhões de dólares por ano, mas também a França, a Alemanha e muitos outros.
Era tudo uma mentira. Um relatório investigativo independente publicado em abril explicou que Israel não tinha a menor evidência da presença de “terroristas” dentro da organização humanitária. O relatório explicava mesmo que a UNRWA enviava regularmente listas contendo os nomes dos seus funcionários e as suas funções às autoridades israelenses, e que Israel nunca manifestou quaisquer reservas desde 2011! O relatório também enfatizou que o papel da UNRWA é “insubstituível e indispensável” para os palestinos.
Mas a retirada de fundos da organização tornou a população de Gaza ainda mais vulnerável à fome e aos bombardeios. Este era o objetivo desejado. Agora, a votação do Knesset que equipara a ajuda humanitária ao terrorismo ocorre três dias depois de a justiça internacional ter condenado a colonização da Palestina. Decisão proferida em 19 de julho. Assim que o direito internacional prova que está errado, o Estado israelense fabrica mentiras.
“Não podemos vencer a guerra se não destruirmos a UNRWA. E esta destruição deve começar imediatamente”, explicou Noga Arbell, ex-chefe do Ministério dos Negócios Estrangeiros, ao Parlamento israelense no início de janeiro. A estratégia está claramente definida.
Mesmo os fascistas não classificaram a Cruz Vermelha e outras organizações humanitárias como “terroristas” durante a Segunda Guerra Mundial. O voto dos deputados israelenses é a etapa adicional de uma política de inversão sistemática da realidade praticada por um Estado fascista, com o objetivo de eliminar um povo e cortar todos os meios de sobrevivência.
*Tradução de Amyra El Khalili