A prisão preventiva do cantor bolsonarista Gusttavo Lima foi determinada nesta segunda-feira (23) pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A medida está relacionada à Operação Integration, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo personalidades públicas, como a influenciadora digital Deolane Bezerra.
A ordem de prisão foi emitida pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, com base na acusação de conivência com pessoas foragidas, o que teria comprometido o sistema judicial.
O cantor Gusttavo Lima deixou o país na madrugada desta segunda-feira (23), segundo a Polícia Federal à Polícia Civil. A ‘viagem’ do cantor aconteceu, logo após o mandado de prisão preventiva ser expedido pela Justiça.
As polícias Civil e Federal estão envolvidas na tentativa de descobrir o destino de Gusttavo Lima, que deixou o Brasil por um aeroporto de São Paulo. Ele havia realizado um show no interior do estado no domingo (22).
Não sabe se ele partiu em um voo comercial ou particular. A esposa do cantor também não está no Brasil.
Ao decidir pela prisão preventiva do bolsonarista, a juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal da Capital, no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), declarou que o cantor “deu guarida” para investigados na Operação Integration, que investiga a lavagem de dinheiro ligada ao jogo do bicho e apostas esportivas. Além disso, a magistrada bloqueou R$ 2 milhões das contas bancárias do artista.
Na decisão, obtida pelo Diario de Pernambuco, a juíza menciona que o bolsonarista mantém uma relação próxima com os empresários José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Henriques Truta Rocha, proprietários da Vai de Bet, que estão atualmente foragidos. Recentemente, o cantor teria viajado para a Europa com o casal. Desde o início da operação, no dia 4 de setembro, os suspeitos não retornaram ao país.
“No dia 7 de setembro de 2024, o avião de matrícula PS-GSG retornou ao Brasil, após escalas em Kavala, Atenas e Ilhas Canárias, aterrissando na manhã do dia 8 de setembro no Aeroporto Internacional de Santa Genoveva, em Goiânia”, descreve a decisão. “Curiosamente, José André e Aislla não estavam a bordo, o que indica claramente que preferiram permanecer na Europa para evitar a Justiça.”
De acordo com a decisão, Gusttavo Lima foi transportado na ida pela mesma aeronave. “Esses indícios reforçam a gravidade da situação e a necessidade de uma investigação aprofundada, demonstrando que a conivência de Nivaldo Batista Lima com foragidos não apenas prejudica o sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de crime grave”, afirma a magistrada.
“É imperioso destacar que Nivaldo Batista Lima (Gusttavo Lima), ao dar abrigo a foragidos, demonstra uma inquietante falta de respeito pela Justiça”, continua a juíza. “É essencial ressaltar que, independentemente de sua condição financeira, ninguém deve se esquivar da Justiça. A riqueza não pode servir como um escudo para a impunidade ou como meio de evitar responsabilidades legais.”
O documento aponta que, no dia 1º de julho de 2024, o bolsonarista adquiriu uma participação de 25% na empresa Vai de Bet. “Sua intensa ligação financeira com esses indivíduos, que envolve transações suspeitas, levanta sérias dúvidas sobre sua possível participação em atividades criminosas”, disse a magistrada.
A empresa de Gusttavo Lima, Balada Eventos e Produções Ltda, que já teve R$ 20 milhões bloqueados durante a Operação Integration, estaria envolvida na “ocultação de valores provenientes dos jogos ilegais da HSF Entretenimento Promoção de Eventos – nome oficial da Esportes da Sorte, vista como o centro do esquema”. O CEO da empresa, Darwin Henrique da Silva Filho, está preso preventivamente.
As investigações revelaram que a Esportes da Sorte pagou R$ 4.819.200,00 em abril de 2023 e R$ 4.947.400,00 em maio do mesmo ano à empresa do cantor.
No caso da Vai de Bet, a Balada Eventos teria recebido R$ 22.232.235,53 em oito transações. Esses valores teriam sido usados para “disfarçar” a venda de um jatinho Cessna Aircraft, modelo 560XLS, segundo a decisão.
Outro ponto levantado pelo inquérito é que a empresa GSA, representante da Balada Eventos, recebeu mais R$ 5,75 milhões através de uma facilitadora de pagamentos, além de R$ 200 mil enviados diretamente. “Situação semelhante foi identificada no Relatório envolvendo a investigada Deolane Bezerra Santos e a Esportes da Sorte”, aponta a decisão.
Os investigadores também descobriram que a GSA transferiu R$ 1,35 milhão diretamente para a conta do bolsonarista ao longo de 2023.
No cofre da Balada Eventos, a polícia encontrou R$ 112.309, £ 5.925 (equivalente a R$ 43,7 mil) e U$ 1.005 (aproximadamente R$ 5,56 mil). Na decisão, esse montante é relacionado aos “jogos ilegais” da Esportes da Sorte e da Vai de Bet.
O empresário Bóris Maciel Padilha, o 22º indiciado na Operação Integration, é citado como responsável por “ocultar valores provenientes dos jogos ilegais” da Esportes da Sorte e de Darwin Henrique da Silva Filho. O investigado teve R$ 21 milhões bloqueados.
Conforme a decisão, ele seria dono de carros de luxo e teria recebido dois empréstimos de R$ 10 milhões cada, nos dias 19 de outubro de 2023 e 5 de dezembro de 2023, respectivamente.
“Verificamos que ele (Bóris) possui veículos de luxo registrados em seu nome, cujo valor total ultrapassa R$ 40 milhões, incluindo três Ferraris, dois Rolls Royce e dois Bentley, o que demonstra um grande poder econômico, não justificando a necessidade desses empréstimos”, conclui a decisão.