Parlamentares da Bancada do PT usaram a tribuna nesta terça-feira (12) para denunciar a pressão exercida pelo mercado financeiro e seus sócios na mídia por cortes em políticas sociais e nos investimentos públicos. A reação da bancada do PT cresceu com a iminência de um anúncio de cortes de verbas que estaria sendo preparado pelo Ministério da Fazenda.
“O presidente Lula está sendo vítima de uma gigantesca pressão do mercado, através da mídia corporativa”, afirmou o deputado Merlong Solano (PT-PI). “Na verdade, é mais do que uma pressão. Lula está sendo chantageado para, de maneira rápida e dura, fazer um corte nos gastos sociais do nosso governo e, assim, jogar o ajuste fiscal sobre os ombros dos mais pobres”, denunciou.
O deputado lembrou que “em 4 anos de governo, o ex-presidente Bolsonaro furou o teto de gastos em R$ 795 bilhões”. “Ele deixou despesas que eram do seu mandato para o Governo Lula, como no caso dos precatórios, R$ 93 bilhões, como no calote aos estados e municípios, R$ 27 bilhões, despesas que o nosso governo teve que assumir e pagar logo no primeiro ano de gestão, em 2023”, citou.
Numa crítica à insistência de zerar o déficit público a qualquer custo, o deputado mostrou que nem mesmo o mercado espera que o déficit do ano passado seja zerado neste ano. “O mercado diz que o Governo Lula vai terminar o ano com um déficit de 0,7%”, lembrou o parlamentar. “O Banco Mundial estima o déficit para este ano em 0,6%. Portanto, vejam o tamanho do ajuste fiscal: de 2,3% de déficit do PIB, vamos terminar com 0,5%, este ano”, explicou. Apesar disso, Fernando Haddad insiste em zerar o déficit e por isso pressiona pelo cortes.
“Tudo isso está acontecendo apesar da mais alta taxa de juros, que sobrecarrega os investimentos de todos os segmentos. Mas eles querem, por fina força, que o presidente Lula jogue sobre os mais pobres um ajuste rápido, um ajuste rápido que nos levasse a um superávit primário, logo agora, este ano, e também no ano que vem”, criticou o parlamentar piauiense.
A deputada Reginete Bispo (PT-RS) disse que “não faz sentido essa pressão agora do Copom (Comitê de Política Monetária), da mídia e do mercado especulativo para que haja cortes no orçamento do Governo”. A deputada esclareceu que, quando a mídia, o capital especulativo e alguns parlamentares vêm à tribuna para dizer que o Governo gasta demais, eles estão dizendo que está se gastando demais com o pobre.
“Porque aqui, nesta Casa, aprovou-se isenção para tudo que é grande empresário deste País, fez-se a desoneração da folha. E mais: tiraram quase R$ 60 bilhões do Orçamento da União para pôr em emenda de bancada! Tudo bem. Agora que está faltando dinheiro para as políticas sociais ninguém quer cortar. Tem que cortar, sim, inclusive desta Casa”, defendeu.
A deputada disse ainda que não se pode esquecer que a Câmara, há poucos dias, rejeitou a tributação das grandes fortunas. “Então tudo caminha para privilegiar os privilegiados de sempre. “Não acredito que o Lula vá cortar as políticas sociais que estão acabando com a fome, que estão acabando com o desemprego no nosso País”, disse.
O deputado Paulão (PT-AL) também denunciou a pressão que o Governo Lula vem sofrendo. Ele também criticou o Banco Central do Brasil, que aumentou a taxa de juros em uma corrente contrária ao mundo, inclusive aos Estados Unidos, que representam o capitalismo, porque lá a taxa de juros diminuiu. “Essa taxa de juros sufoca a economia do micro, do pequeno, do médio, do grande empreendedor. Portanto, reforma fiscal neste momento, para tirar direito da classe trabalhadora, penalizar os aposentados, tirar todos os programas sociais, nós votamos contra”, afirmou.
O deputado elogiou o posicionamento dos movimentos sociais, estudantis e sindicais contra o ajuste fiscal. “Esse movimento, do ponto de vista da assinatura das centrais sindicais, do Movimento Estudantil Popular, está corretíssimo. É necessária a mobilização da população, para evitar esse desgaste, esse desastre que esta Casa poderá aprovar. Portanto, a palavra é de ordem é “não” ao pacote que o rentismo quer impor ao povo brasileiro”, concluiu.
Os partidos políticos, inclusive o PT, e movimentos sociais lançaram no último domingo (10) um manifesto com crítica duras ao pacote de cortes que está sendo preparado pela equipe econômica do governo, especialmente o Ministério da Fazenda, que está sob pressão do mercado financeiro e da mídia.