O CEO e sócio da Allegra Pacaembu, concessionária que gere o complexo esportivo do Pacaembu, em São Paulo, Eduardo Barella, tentou dar um soco no repórter Demétrio Vecchioli, da Folha de S. Paulo.
O jornalista estava no Pacaembu em reportagem sobre o primeiro dia da abertura das áreas públicas, conforme havia anunciado na véspera o secretário municipal de Esporte e Lazer, Rogério Lins (Podemos), em entrevista coletiva no próprio local.
Em nota, a concessionária diz que houve uma discussão entre o executivo e o repórter, mas que não houve agressão.
Inicialmente, um segurança informou que a entrada dele não estava autorizada, mas depois liberou o acesso. Demétrio então entrou em contato por mensagem com o assessor de imprensa da concessionária para relatar o caso e o assessor respondeu que estava indo até onde ele estava, já no interior do Pacaembu.
O repórter e o assessor se encontraram na área de tênis. Quando estavam voltando da piscina em direção à entrada social do local, foi onde aconteceu a tentativa de agressão.
Demétrio contou que Barella foi em sua direção e, ao chegar perto, armou o braço para lhe dar um soco. Nesse momento, o assessor entrou na frente para impedir. O assessor precisou segurar o CEO.
Após a tentativa de agressão, o repórter ligou a câmera do celular. Nas imagens divulgadas, Barella aparece sendo levado pelo assessor para uma área externa. O repórter pediu para ele dizer o que havia sido falado antes e o CEO chamou ele de “mau caráter”. Segundo o jornal, o repórter foi embora logo depois.
Demétrio também fez um relato nas redes sociais sobre o ocorrido. “Ele é faixa preta de jiu-jitsu e disputa o Mundial (master) na categoria peso pesado. Nunca havíamos discutido, ou falado, exceto naquele evento de 2019 [na assinatura do contrato do complexo]. Ele não me xingou, não me criticou. Ele veio em minha direção com o único intuito de me agredir pelo meu trabalho”, disse.
“O mesmo assessor que me protegeu depois enviou nota à Folha forjando relato de uma falsa “discussão” Houve, sim, ele sabe e é a principal testemunha disso, uma tentativa de agressão a jornalista que fazia seu trabalho. Eu sequer abri a boca enquanto Barella tentava me agredir”, acrescentou.
“O Pacaembu é um local que não oferece segurança sequer para jornalistas. Seu concessionário ameaça, tenta agredir, e não disponibiliza as imagens das câmeras de segurança, como se aquele fosse seu quintal”, escreveu ainda Demétrio.
SOLIDARIEDADE
Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) manifestaram a “mais irrestrita solidariedade ao jornalista Demétrio Vecchioli”.
“Tentativas de intimidação e agressão de qualquer natureza contra jornalistas merecem o mais absoluto repúdio de nossa categoria. A livre circulação de informações passa, necessariamente, pela condição de que profissionais de imprensa possam realizar seu trabalho de maneira segura”, destaca a nota.