
A atriz indicada ao Oscar, Fernanda Torres, afirmou que “os Estados Unidos patrocinaram a ditadura no Brasil” e que “devemos resistir” à “ideia de que um estado violento pode colocar ordem na bagunça moderna”.
Fernanda foi indicada ao prêmio de melhor atriz no Oscar pelo papel de Eunice Paiva, protagonista do filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. A premiação ocorrerá em 2 de março.
Em entrevista à revista Variety, dos EUA, ela comentou que “este filme foi importante – politicamente, socialmente. Diferentes gerações foram ver este filme e ficaram tocadas e orgulhosas. Este filme é algo muito especial para o Brasil”.
“A ditadura no Brasil não foi algo que aconteceu isoladamente. Foi parte da Guerra Fria. Os Estados Unidos patrocinaram a ditadura no Brasil. Foi uma época distópica. Mas esta não é apenas uma história sobre o passado — é também um reflexo do agora”, disse.
“Novamente, estamos cheios de medo, divididos e com raiva. O populismo e a ideia de que um estado violento pode colocar ordem na bagunça moderna — é tentador. Mas devemos resistir”, continuou a atriz.
O filme Ainda Estou Aqui mostra o sofrimento de uma família ao ter o pai, Rubens Paiva, sequestrado e assassinado pela ditadura. Fernanda Torres já recebeu o Globo de Ouro na categoria drama.
O sucesso do filme tem irritado os bolsonaristas, uma vez que expõe os crimes da ditadura que eles até hoje defendem. O deputado Mário Frias (PL-SP), que foi secretário da Cultura no governo Bolsonaro, disse que o filme é “é a antítese da arte, é mera técnica de manipulação psicológica”, pois é “uma peça de propaganda e desinformação comunista”.
No governo Bolsonaro, o Ministério da Cultura foi extinto e absorvido por outras pastas, como Cidadania e Turismo. Um dos secretários da Cultura na época de Bolsonaro, Roberto Alvim, gravou um vídeo imitando o ministro de Adolf Hitler, Joseph Goebbels.