
Milhares de mulheres acompanhadas por homens, jovens e crianças marcharam no centro de Buenos Aires, na tarde deste sábado, 8 de março, com lenços verdes que se tornaram símbolo de resistência das argentinas. As manifestantes marcharam desde o Congresso Nacional até a Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino.
Organizações feministas, organizações sociais, sindicatos, entidades de bairro, partidos políticos, aposentados e estudantes ocuparam as ruas com a decisão de condenar o governo de Javier Milei.
“Hoje nos toca enfrentar a extrema-direita que governa com fome, pilhagem e crueldade. A fraude de Milei tem réplicas pelo mundo e está recebendo aplausos de multimilionários. Este 8M é feminista, antifascista e antirracista”, expressou a organização ‘Nem uma argentina a menos’, líder na luta contra a violência contra as mulheres na região.
O momento de auge na manifestação foi o repúdio ao fechamento do Ministério da Mulher, Gênero e Diversidade, em 2024, uma das iniciativas de Milei, com o argumento de cortar gastos públicos.
O governo também fechou os departamentos dedicados às políticas de gênero de outros ministérios, como o da Saúde e da Educação, deixando a Argentina órfã de um organismo especializado em políticas públicas para direitos das mulheres.
“NÃO VAMOS VOLTAR AO SÉCULO XV, MILEI”
Pelo centro da capital argentina, a marcha avançou em direção à Praça de Maio. Nas ruas, faixas alertavam: “Não voltaremos à clandestinidade”. Grupos peronistas organizados em torno da ex-presidente Cristina Kirchner como La Cámpora e Nuevo Encuentro e sindicatos como a Confederação Geral do Trabalho, CGT, e a União Operária da Construção da República Argentina, Uocra, entre outros, marcharam ao som dos tambores.
“Não vamos voltar ao século 15, Milei”, “abaixo todos os fascistas da América Latina”, afirmaram, citando nomes como o do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Nos microfones, as manifestantes pediam greve geral em defesa de seus direitos. “Somos resistência. Vamos defender a saúde gratuita e pública e a educação a todas e todos”, disseram.
Apesar do momento político difícil que o país vive, o clima foi de celebração, com músicas de protestos e gritos que chamavam Milei de ditador e lembravam os crimes de feminicídio na Argentina, citando dados da Defensoria do Povo, que apontou que a cada 30 horas, há um feminicídio no país.
Houve também manifestações nas principais cidades do país: Córdoba, Rosário, Salta, Entre Rios, Missiones, Formosa e Rio Negro, entre muitas outras grandes localidades.
Centenas de milhares de mulheres foram às ruas em cidades ao redor do mundo ontem para marcar o Dia Internacional da Mulher e exigir o fim da desigualdade, da violência de gênero e a defesa de seus direitos. Na Alemanha, a polícia reprimiu brutalmente manifestantes por carregarem a bandeira palestina.