
“Nós, todos os líderes partidários, não podemos aceitar as repetidas declarações sobre anexação e controle da Groenlândia”, afirmam os partidos em nota conjunta
“Inaceitável”: todos os partidos com representação no Parlamento da Groenlândia se uniram para responder às ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que, de uma forma ou outra, vai anexar a ilha e que o controle sobre ela era “uma necessidade absoluta”.
O documento, subscrito pelos cinco partidos groenlandêses, veio a público no dia seguinte ao encontro de Trump com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, em que declarou que “acho que vai acontecer” após um repórter levantar a bola para ele, perguntando sobre a “compra da Groenlândia”.
Maior ilha do mundo, situada no Ártico, a Groenlândia é uma região autônoma da Dinamarca, com 57 mil habitantes e grandes riquezas minerais, e possivelmente irá em breve obter sua independência.
“Nós, todos os líderes partidários, não podemos aceitar as repetidas declarações sobre anexação e controle da Groenlândia. Consideramos esse comportamento inaceitável em relação a amigos e aliados dentro de uma aliança de defesa”, afirma a nota a nota conjunta, divulgada na sexta-feira (14). A Dinamarca (e portanto a Groenlândia) faz parte da Otan.
O primeiro-ministro Mute B. Egede deixou claro que “nosso país nunca será EUA, nem nós groenlandeses nunca seremos americanos. Groenlândia é um só país, estamos unidos”.
Praticamente toda semana, desde que tomou posse, Trump repete a ameaça de que vai “comprar” a Groenlândia, embora esta não esteja a venda, nem os groenlandeses queiram virar norte-americanos.
No discurso anual ao Congresso norte-americano no início do mês, Trump disse que os EUA iriam controlar a ilha “de um jeito ou outro”.
A “compra” também foi rechaçada prontamente pelo governo dinamarquês e um abaixo-assinado satírico, recomendando que, ao invés, seja a Dinamarca que compre a Califórnia, já recebeu 200.000 adesões. Dos groenlandeses, apenas 6% apoiam a anexação aos EUA, segundo uma pesquisa realizada no final de fevereiro.
Além de prometer tomar a Groenlândia, Trump já manifestou projeto semelhante em relação ao Canadá (para virar o “51º estado”), ao Canal do Panamá e a Gaza – onde os palestinos seriam substituídos pelos convidados do bilionário, Musk e Netanyahu na “Riviera do Oriente Médio”. Muro à parte, alguma ele está planejando contra o México, já que decidiu “mudar” o nome do Golfo do México (como internacionalmente reconhecido) para “Golfo da América”.
Trata-se de uma velha insanidade de Trump, que já aventara a “compra” durante seu primeiro mandato. Ele chegou até mesmo a cancelar em 2019 uma visita a Copenhague, após a então primeira-ministra dinamarquesa repelir a “proposta”.