
Pelo terceiro dia, manifestantes em Los Angeles vêm repudiando neste domingo (8) a caçada a latinos desencadeada pela gestapo anti-imigração de Trump, protesto que teve início na manhã de sexta-feira quando esbirros fortemente armados investiram contra trabalhadores diaristas em seus locais de trabalho e inclusive prenderam o presidente do sindicato, que tentava orientar os assediados.
Segundo o próprio Departamento de Segurança Interna, o Homeland, as operações resultaram na prisão de 118 imigrantes. Na noite de sexta-feira, após as prisões, manifestantes se concentraram em frente a um centro de detenção federal e entoaram palavras de ordem como: “Libertem-nos, deixem-nos ficar!”.
A CBS News, citando advogados de imigrantes ali presos,relataram que trabalhadores e suas famílias estavam sendo mantidos em um porão escuro, sem camas e com “acesso limitado” a comida e água.
Entre as lojas invadidas pelos agentes de deportação, estavam duas da Home Depot, a maior rede dos EUA de utilidades para casa, o Distrito da Moda e até de donuts.
No sábado, as cenas de manifestantes tentando impedir que veículos levando imigrantes praticamente sequestrados à luz do dia entrassem nessa prisão no centro de Los Angeles, sob assédio de tropas de choque, gás lacrimogêneo e spray de pimenta, viralizaram no mundo inteiro, expondo a repulsa popular à racista deportação em massa, bandeira central do fascismo de Trump.
Vídeos mostram a multidão gritando “Libertem todos” e “Parem as deportações”. Manifestantes foram feridos por balas de borracha. Um carro acabou incendiado nas imediações do centro de detenção.
Durante os protestos em Paramount, cidade da região metropolitana de Los Angeles, agentes da Patrulha de Fronteira cercaram um parque industrial. Eles lançaram gás lacrimogêneo enquanto moradores e manifestantes registravam os acontecimentos com celulares.
“Fora ICE de Paramount. Nós vemos vocês pelo que são. Vocês não são bem-vindos aqui”, gritou uma mulher com um megafone. Cartazes com frases como “nenhum ser humano é ilegal” também foram vistos no local.
Em represália ao repúdio popular, o presidente-oligarca, cuja folha corrida foi exposta em parte esta semana pelo ex-comparsa Elon Musk, anunciou o envio de 2 mil soldados da Guarda Nacional. O que, na segunda metrópole dos EUA, só tem como precedentes os grandes protestos contra o racismo e, depois, o espancamento do negro Rodney King em 1990.
CIDADE-SANTUÁRIO
Registre-se que Los Angeles votou e aprovou ser uma “cidade-santuário” para imigrantes, e estima-se que um terço de sua população seja de latinos, principalmente mexicanos. A prefeita Karen Bass denunciou que a investida das gangues de deportadores de Trump “semeia o terror em nossas comunidades e perturba os princípios básicos de segurança em nossa cidade”.
Entre tantas arbitrariedades, uma merece particular atenção, a prisão do presidente do sindicato de funcionários de serviços, David Huerta, que foi derrubado pelos agentes da imigração e sofreu um ferimento na cabeça e precisou ser hospitalizado. Segundo um deputado democrata, Herta também chegou a ser atacado com aquela arma de choques elétricos. Ele orientava os trabalhadores a não assinarem nada.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, descreveu as operações como “cruéis” e “caóticas”, criticando-as como uma tentativa de “cumprir uma cota de prisão arbitrária”. A convocação da Guarda Nacional foi realizada à revelia do governador e da prefeita.
Sobre o envio da Guarda Nacional, ele afirmou que “o governo federal está semeando o caos para que eles possam ter uma desculpa para escalar. Não é assim que qualquer país civilizado se comporta”.
RACISMO E INCITAÇÃO AO ÓDIO
Em sua campanha eleitoral, Trump insistiu em apresentar, de forma racista e mentirosa, os imigrantes como “criminosos e estupradores”, buscando criar histeria e ódio.
Além de caçar latinos, a milícia de perseguição aos imigrantes também se dedica a sequestrar estudantes que hajam se manifestado contra o genocídio perpetrado por Israel em Gaza.
Nos primeiros 100 dias do segundo mandato de Trump, o Departamento de Imigração e Alfândega (ICE) relatou a prisão de 66.463 pessoas e a deportação de 65.682. Em meados de maio, quase 49.000 indivíduos estavam detidos em centros de detenção de imigrantes – a maioria deles instalações privadas com fins lucrativos espalhadas pelos Estados Unidos.