
Com o novo aumento do nível da taxa básica de juros da economia (Selic) em mais 0,25 pontos percentuais, de 14,75% para 15%, pelo Banco Central (BC), os juros reais chegam a quase 10%, o que coloca o Brasil no segundo lugar de maior juro real do planeta, de acordo com o ranking mundial de juros reais, elaborado pelo site Moneyou.
De acordo com cálculos do Moneyou, descontada a inflação projetada, o juro real do Brasil atingiu 9,53%, perdendo apenas para a Turquia (14,44%). Entre 40 nações analisadas, a média global de juros reais é de apenas 1,67%.
Enquanto o Brasil segue no grupo minoritário que elevou as taxas (2,5% dos países), quase metade (47,5%) optou por cortes, e a outra manteve os patamares. E, mesmo considerando os juros nominais (sem desconto da inflação), o país ocupa a quarta posição neste quesito. Esse cenário acendeu novas críticas do setor produtivo.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia a decisão do BC como “injustificada, em um contexto de desaceleração econômica”, critica.
“Sem o início da redução da Selic, seguiremos penalizando a economia e os brasileiros. O cenário torna o investimento produtivo muito difícil no Brasil, com consequências graves para a economia”, declara Ricardo Alban, presidente da CNI.
A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) também critica duramente a alta da Selic e acusa o BC de “irresponsabilidade econômica”. A Entidade baiana alerta para o risco de desemprego e paralisia industrial, e cobra uma revisão urgente da postura do BC e o início de um ciclo de cortes: “O Brasil não pode mais esperar”.
“Manter a Selic em 15% não é só um erro técnico, é uma escolha política que penaliza o trabalho, sufoca a produção e compromete o futuro”, afirmou a federação, acrescentando que o nível atual dos juros representa um “obstáculo deliberado ao desenvolvimento”.
Já a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) “considera inadmissível” a decisão do Copom. “Cada nova elevação da taxa de juros é um golpe adicional na capacidade de produção e de o país de crescer de forma sustentável” disse em nota.

No mesmo tom de crítica, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) ressalta que aumento da Selic de 14,75% para 15% “é resultado da condução severamente contracionista da política monetária, mesmo diante de sinais de desaceleração da atividade econômica e da recente melhora nas expectativas inflacionárias”.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) destaca que os juros altos seguem como o principal entrave ao desenvolvimento do setor. “Seguimos enfrentando o problema do custo do crédito”, ressalta a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos.
Já a Associação Paulista de Supermercados (Apas) afirma que o BC poderia ter tomado outra decisão. “Havia espaço para estabilidade e até mesmo para queda da taxa. Não há justificativas para uma taxa de juros neste patamar”, afirma o economista-chefe da entidade, Felipe Queiroz.