A Polícia Civil do Rio de Janeiro interceptou, nesta quarta (12), um plano de milicianos que pretendiam assassinar o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), mesmo partido da vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março. Um relatório confidencial da Polícia Civil fluminense que indica que milicianos teriam articulado um plano para matá-lo.
Segundo o documento sigiloso, três homens, um policial militar e dois comerciantes, ligados a um grupo de milicianos da Zona Oeste do Rio, estariam envolvidos no plano, conforme revelou o jornal “O Globo”. Segundo o jornal as informações chegaram à polícia por meio do Disque Denúncia.
Pelo Twitter, o parlamentar declarou que “mais uma vez” está sendo ameaçado – ele anda com escolta desde 2008, quando presidiu a CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Freixo cancelou sua agenda assim que tomou conhecimento do relatório e das ameaças, e disse que o que chama a atenção é que os milicianos continuam “soltos, ameaçando e matando”.
“Isso é que surpreende. Eu sou um deputado estadual eleito e estou sendo ameaçado mais uma vez. Não é uma ameaça ao Freixo, mas à democracia. Ao estado democrático. Não é uma questão pessoal, é muito mais que isso. A Zona Oeste está hoje sendo governada pelo crime”, disse o deputado do PSOL
Freixo que foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro neste ano, seria executado durante uma agenda programada pelo parlamentar para o próximo sábado (15), onde ele encontraria com militantes e professores da rede particular de ensino, no sindicato da categoria. Os detalhes do encontro estariam nas redes sociais.
O mesmo grupo é investigado como suspeito de ter matado a Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, no início do ano. Uma das principais linhas analisadas pela polícia sobre o assassinato de Marielle, é que o crime tenha sido realizado por membros de milícias – forças paramilitares formadas por policiais e ex-policiais corruptos que exploram diversas modalidades de crimes nas favelas que controlam.
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Em novembro, o secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes, afirmou ter certeza do envolvimento de milicianos no assassinato. “Não é um crime de ódio. Falei isso logo na primeira entrevista que dei, em março. É um crime que tem a ver com a atuação política, em contrariedade de alguns interesses. E a milícia, com toda certeza, se não estava no mando do crime em si, está na execução”, disse ele na ocasião.
MANDADOS DE PRISÃO
Nesta quinta-feira (13), a Policia Civil cumpriu 15 mandados de prisão e busca e apreensão em Nova Iguaçu, Angra dos Reis, Petrópolis e Juiz de Fora (MG), que se originaram de inquéritos que correm em paralelo à investigação principal do caso Marielle.
De acordo nota divulgada pela Polícia Civil do Rio, o objetivo da operação contra suspeitos do assassinato da vereadora é obter provas que garantam a condenação dos assassinos.
“Toda a investigação é cercada de sigilo e estratégia. O que a gente tem feito hoje é uma ação estratégica ligada ao crime da morte do Anderson e da Marielle. O sigilo é importante, se eu falar alguma coisa eu estrago a estratégia. O que a gente pode dizer para a sociedade é que nós estamos trabalhando muito”, disse o chefe da Polícia Civil do Rio, delegado Rivaldo Barbosa.
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