
O procurador-geral do Peru, Pedro Chávarry, se viu obrigado a renunciar nesta terça-feira (8), frente ao crescente repúdio da população com a maneira como tentou interferir na investigação de corrupção envolvendo a construtora Odebrecht.
A queda de Chávarry acontece pouco mais de uma semana depois que ele demitiu dois importantes promotores do inquérito, uma medida que desencadeou ampla condenação e o presidente peruano, Martín Vizcarra, cogitara suspendê-lo.
Chávarry negou as acusações de que estaria tentando interferir na investigação e, mais tarde, foi obrigado a reconvocar os dois procuradores, ambos reconhecidos no país como combatentes da corrupção. Mas o recuo de Chávarry não foi suficiente para acalmar a indignação com sua tentativa de dissolver a “Lava Jato peruana”.
Em sua carta de renúncia, Chávarry diz que decidiu dar “um passo para o lado por respeito à instituição”, e para evitar que “continuem estes atos ilegais”, referindo-se em às investigações iniciadas sobre sua participação numa máfia dentro do Judiciário peruano.
Os dois procuradores inicialmente demitidos por Chávarry, Rafael Vela e José Domingo Pérez, são figuras essenciais na investigação sobre a Odebrecht no Peru.
Pérez investiga os vínculos de Chávarry com Keiko Fujimori, filha do ex-ditador peruano, e com o ex-presidente Alan García, ambos acusados de ter recebido propina da construtora Odebrecht.
Os Procuradores Vela e Perez haviam elaborado um acordo de leniência que obriga a construtora a fornecer evidências sobre o pagamento de US$ 30 milhões em propinas que ela diz ter feito a políticos locais.
A investigação sobre a Odebrecht foi deflagrada pela operação Lava Jato no Brasil. Em 2016, a empreiteira admitiu ter pago milhões de dólares em propinas a autoridades de diversos países para obter contratos de obras públicas ao longo de uma década.
Mais cedo, a imprensa peruana noticiou que os lacres de segurança usados para selar o material apreendido na Promotoria da Nação foram violados antes que os procuradores pudessem analisar o material. Além disso, uma colaboradora de Chávarry foi acusada de retirar papéis do escritório alvo da operação de Pérez.