
Mais um fato liga o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) às milícias e aos grupos de extermínio do Rio de Janeiro. Reportagem de O Globo, deste fim de semana, revela que ele, ainda como deputado estadual, promoveu uma homenagem a sete integrantes do batalhão do ex-capitão da PM, Adriano Magalhães da Nóbrega, que é apontado pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) como chefe da milícia do Rio das Pedras e do chamado “Escritório do Crime”.
Os homenageados de Flávio eram lotados no 16º BPM (Olaria), integravam um grupo conhecido entre as comunidades da Zona Norte da cidade como “guarnição do mal” e receberam moções de louvor na Alerj em 4 de novembro de 2003, ainda durante o primeiro mandato de Flávio na Casa. Só mais um PM da ativa seria homenageado na ocasião: Fabrício Queiroz, que se tornaria assessor de Flávio e que, segundo o Conselho de Acompanhamento Financeiro (Coaf), movimentou, no gabinete do deputado, R$ 7 milhões em três anos em sua conta bancária, R$ 1,2 milhão só entre 2016 e 2017, sem ter rendimentos compatíveis.
O ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega – apontado pelo Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) como chefe da milícia do Rio das Pedras e do Escritório do Crime, e que hoje encontra-se foragido – foi novamente homenageado por Flávio Bolsonaro em 2005.
Nesta homenagem ele recebeu a maior comenda do Estado, a medalha Tiradentes, só oferecida a pessoas que prestaram grandes serviços ao povo e ao Estado do Rio de Janeiro. Pois bem, Adriano Magalhães da Nóbrega estava preso quando recebeu a medalha, acusado de assassinato de um jovem que denunciou as ameaças da milícia.
Após a primeira homenagem, num período de cerca de um mês, Adriano e os mesmos colegas do Grupamento de Ações Táticas (GAT) se envolveram no sequestro, tortura e extorsão de três jovens da favela de Parada de Lucas, na Zona Norte. Até que, em 27 de novembro daquele ano, eles foram apontados como os executores do morador Leandro dos Santos.
As revelações comprometedoras sobre Flávio Bolsonaro fizeram a família tentar reagir para esconder os fatos. O senador foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) tentar usar o foro privilegiado para barrar as investigações e as provas obtidas contra ele e seu assessor Fabrício Queiroz. Jair Bolsonaro, perguntado por uma jornalista do Washington Post, em Davos, durante sua participação no Fórum Econômico Mundial, sobre as denúncias envolvendo o filho, respondeu: “não é de sua conta”.
Ele mesmo, Jair Bolsonaro, assim como o filho, já havia discursado várias vezes em defesa das milícias.
“Enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender de mim, terão todo o meu apoio”, afirmou Jair Messias, em pronunciamento da tribuna da Câmara Federal em 2003.
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