Parentes, amigos, artistas e fãs prestaram a última homenagem à grande dama dos palcos brasileiros, a atriz Bibi Ferreira, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (14).
Inúmeras foram as declarações de carinho, destacando, além do legado deixado pela atriz, sua simplicidade, seu humor e sua paixão pelo palco e pela música popular brasileira.
Com muitas flores e a presença de integrantes da Escola de Samba Viradouro que homenageou a atriz em 2003, o último adeus teve a participação da atriz Amanda Costa, que interpretou Bibi Ferreira na peça “Bibi, uma vida em musical”, acompanhada de parte da Orquestra Municipal, entoando “La vie em Rose e Non, je ne regrette rien” de Edith Piaf. Cantora francesa que teve sua vida e música interpretada por Bibi Ferreira.
“Minha mãe faz parte de um legado muito rico do teatro brasileiro. Espero que tudo o que ela fez sirva de inspiração para as gerações de artistas que ainda virão. É bonito ver o público, pessoas que eu nunca conheci, se aproximarem para me cumprimentar e me contar histórias da minha mãe. E é ainda mais bonito que esse momento aconteça aqui, no Municipal, em cujo palco ela pisou tantas vezes”, declarou sua filha Tina Ferreira, acompanhada do neto de Bibi.
“Para a arte brasileira, este é o grand finale de uma grande estrela, de uma diva. Bibi deixa um legado na história do teatro e da música deste país. Ela tem uma ligação muito antiga com esta casa. Aprendeu balé aqui e também foi diretora de dramaturgia do Theatro Municipal. Nós nos despedimos com toda a honra que ela merece”, disse Aldo Mussi, diretor do Theatro Municipal ao G1.
As atrizes Arlete Salles e Nicette Bruno também prestaram suas últimas homenagens à Bibi Ferreira. Inúmeros artistas manifestaram atráves das redes sociais a importância da atriz e os sentimentos pela perda.
“Bibi foi uma das maiores atrizes do mundo. Era dona de um talento raríssimo e tinha um conhecimento de palco fora do normal”, relembrou Arlete Salles .
“Ela sempre foi um exemplo de vida e um exemplo de profissional. Eu só tenho a agradecer por ela rer sido minha amiga”, disse Nicette Bruno.
A atriz e cantora Bibi Ferreira faleceu nesta quarta-feira (13) aos 96 anos, no Rio de Janeiro.
Segundo sua filha Teresa Cristina (Tina), “ela viveu exclusivamente para o palco” e “morreu dormindo, tranquila”.
Neta de palhaço e filha de um dos maiores atores do Brasil, Procópio Ferreira, com a bailarina Aída Izquierdo, Abigail Izquierdo Ferreira nasceu em 1º de julho de 1922 e estreou nos palcos, ao lado do pai, com pouco mais de 20 dias de vida.
Foram 77 anos de carreira dedicados ao teatro, sua grande paixão, atuando, cantando, dançando, tocando, além de compor, fazer filmes, gravar discos, apresentar programas de TV e dirigir espetáculos.
Uma de suas atuações mais marcantes foi na peça “Gota D’Água”, de Chico Buarque e seu marido Paulo Pontes, em 1975, em plena ditadura, interpretando Joana. “Era a representante do povo, humilhado, sofrido, oprimido, encurralado… querendo a liberdade, os seus direitos”, sintetizava Bibi.
Para a atriz, “Gota D’Água”, uma adaptação da tragédia grega “Medeia”, de Eurípedes, ambientada em morro carioca, “é a maior obra teatral de todos os tempos”.
Outros dois musicais se destacaram em sua carreira, nos anos 60. “Minha querida dama” (“My fair lady”), de Frederich Loewe e Alan Jay Lerner e “Alô, Dolly!” (Hello, Dolly!). Na década de 1970, Bibi foi o principal nome de “O homem de La Mancha”, musical de Dale Wasserman dirigido por Flávio Rangel e com letras adaptadas para o português por Chico Buarque.
A diva dos musicais interpretou a cantora francesa Edith Piaf, conquistando os principais prêmios do teatro, como Molière, Mambembe, Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e Pirandello.
Em 2003, Bibi Ferreira foi homenageada pela Viradouro no Carnaval do Rio e teve, recentemente, sua vida e obra contadas no espetáculo “Bibi, uma vida em musical”, escrito por Artur Xexéo e Luanna Guimarães, com direção de Tadeu Aguiar.