Dezenas de moradores e comerciantes de São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, realizaram uma manifestação na frente da portaria da Mina Mar Azul, da Vale, exigindo que a empresa resolva a situação da falta de segurança em decorrência do reservatório de rejeitos e que permita o retorno dos moradores que tiveram que abandonar suas casas. No último sábado, 215 pessoas tiveram de deixar suas casas por causa de um novo risco de vazamento da barragem de Mar Azul.
Entre gritos de “Vale assassina” e cartazes com dizeres contra a empresa os manifestantes bloquearam a entrada da mina.
A evacuação ocorreu depois que auditores atestaram a instabilidade da barragem, que é a montante, mesmo modelo das de Brumadinho e de Mariana. Ela tem a mesma classificação da que se rompeu na tragédia do dia 25 de janeiro: baixo risco de ocorrência de acidente, mas alto risco de dano potencial. A empresa informou que a estrutura está sendo monitorada
Até o momento, a mineradora não deu qualquer explicação aos moradores da região, o que motivou o protesto. “Até hoje, nós não sabemos de nada. Está todo mundo sem trabalhar. Nossos filhos estão sem escola”, disse um dos manifestantes, que também reivindicou manifestação da prefeitura.
Na noite da segunda-feira, a Vale não compareceu a uma reunião com os representantes da comunidade.
O encontro contou com a presença de cerca de 400 pessoas, entre moradores da região, Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e políticos.
Segundo Alberto Rocha Torres, morador do condomínio Arvoredo, as autoridades orientaram a população no encontro. “Em primeiro lugar, eles pediram para não confiarmos no que a Vale fala, porque ela não vem conversar com a gente. Segundo é a gente não se dividir, para evitar acordos menores. Em terceiro lugar, disseram que precisamos de uma auditoria independente, feita por uma empresa sem ligação com a mineradora”, conta.
Mineradora anuncia novas evacuações em Ouro Preto e Nova Lima
Nesta quarta-feira (20), a mineradora anunciou que irá realizar a retirada de 125 pessoas que vivem próximas a cinco barragens em Nova Lima e Ouro Preto, na chamada Zona de Autossalvamento (ZAS). As barragens são: Vargem Grande, Forquilha I, Forquilha II, Forquilha III e Grupo. As estruturas fazem parte das 10 barragens da Vale do tipo “alteamento a montante” e segundo a empresa, as estruturas já estão inativas.
Ainda de acordo com a empresa, em Nova Lima, a remoção atinge 33 casas, com cerca de 100 pessoas, que ficam a 52 quilômetros da sede da cidade. Em Ouro Preto, a remoção abrange oito casas, com cerca de 25 pessoas, a aproximadamente 15 quilômetros da localidade de Engenheiro Correia.
A Justiça de Itabirito, na região central do Estado, determinou nesta quarta-feira (20) que a mineradora Vale apresente nos próximos três dias o Plano de Ação Emergencial (PAE) de um possível rompimento das barragens Forquilha I, II e III que ficam em Ouro Preto.
A medida determina ainda que a empresa providencie, no prazo de 72 horas, rotas de fuga para a população que seria atingida em caso de colapso da estrutura, além de implementação de sistema de alarmes e cadastro das famílias, indicando inclusive a existência de pessoas com dificuldade de locomoção. Também é exigido um amplo plano de comunicação com divulgação em meios de imprensa e panfletos para informar os moradores da região sobre os eventuais riscos.
A ação foi um pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que alega que as três barragens da Vale em Ouro Preto estão em “situação de risco” e, em caso de rompimento, os rejeitos atingiriam a região central de Itabirito, além de alguns bairros da cidade.
Ainda de acordo com o MPMG, a distância entre as barragens e os bairros de Itabirito que seriam atingidos pela lama estariam entre 23 km e 60 km. Já o tempo que os rejeitos demorariam para atingir esses locais seria de 1 hora e 27 minutos. Além do centro de Itabirito, seriam atingidos os bairros de Padre Adelmo, São Geraldo, Santa Efigênia, Santa Tereza, Boa Viagem, Praia, Lourdes, Capanema, Nossa Senhora de Fátima e Esperança.
Os riscos são tantos. Fico pensando sobre as vidas que não voltam mais e sobre os riscos ao meio ambiente e possíveis doenças cancerígenas provenientes das contaminações do chumbo e alumínio. Sem contar a bacia hidrográfica da região sudeste que está sendo exposta e contaminada. Daqui a pouco não teremos mais rios e água para o nosso cotidiano, pois tudo estará contaminado.