Com nota máxima em todos os quesitos, a Estação Primeira de Mangueira conquistou seu vigésimo título no carnaval carioca. Com o enredo “História pra ninar gente grande” a escola trouxe à Avenida heróis esquecidos da história do Brasil, exaltando negros, índios e mulheres.
Durante a apuração, a escola liderou a disputa em todos os momentos, competindo apenas nos primeiros momentos com a Viradouro.
Um dos momentos que emocionou o público na Sapucaí foi a passagem do carro que trazia três ilustres mangueirenses representando heróis da luta contra a escravidão.
O compositor Nelson Sargento, que no alto de seus 94 anos encarnou Zumbi dos Palmares, fundador do Quilombo dos Palmares e símbolo da luta pelos direitos dos negros no país; a cantora Alcione, representando Dandara, mulher de Zumbi dos Palmares, que lutou em defesa do quilombo e se matou para não ter que se entregar às forças portuguesas em 1694, e a cantora e deputada estadual pelo PCdoB, Leci Brandão, vivendo Luiza Mahin, guerreira que se insurgiu contra a condição de escrava e lutou em uma das mais importantes revoltas abolicionistas, a Revolta dos Malês, na Bahia, e mãe de Luiz Gama, poeta e importante abolicionista, também representado no desfile da escola.
Leci Brandão também é citada na letra do samba ao lado do maior intérprete de sambas-enredo, Jamelão: “Dos Brasis que se faz um país Lecis, Jamelões”.
Outro momento importante do desfile foi a passagem do carro alegórico “A História que a História não Conta”, que trouxe como destaque a jornalista Hildegard Angel, representando a sua mãe Zuzu Angel, incansável lutadora que enfrentou o regime para denunciar o assassinato pela ditadura do seu filho, Stuart Angel, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8).
Hildegard veio vestida com a roupa de luto de sua mãe e com o colar de cruzes que ela usava para lembrar e denunciar a morte de seu filho.
A Viradouro, com o enredo que trouxe para a Sapucaí os encantos das histórias infantis, conquistou o segundo lugar.
A Vila Isabel, terceira colocada, desfilou com um enredo que exaltava a cidade de Petrópolis desde a época do Império até os dias de hoje.
A Portela, que veio com enredo homenageando a cantora Clara Nunes, embora fazendo um desfile correto, nem de longe conseguiu trazer para o Sambódromo a grandeza, a representatividade para a nossa música e cultura, além do carisma de Clara Nunes. A escola conquistou o quarto lugar.
A Império Serrano, uma das mais tradicionais escolas de samba do carnaval carioca, trouxe enredo homenageando o cantor e compositor Gonzaguinha por meio da sua música “O que é, o que é” e, com muitos problemas financeiros, visível em seu desfile confuso e com muitas lacunas, acabou sendo rebaixada. A Imperatriz Leopoldinense foi a segunda escola rebaixada. Embora com um enredo interessante sobre a crise financeira dos brasileiros, a escola teve problemas com carros alegóricos e acabou perdendo pontos preciosos.