Diretores do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) e trabalhadores da empresa aérea Avianca participaram de uma audiência com o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, no início desta semana (18), em Brasília, para tratar da situação dos cerca de três mil tripulantes da aérea, que sofrem com atrasos no pagamento de salários e benefícios, como vale-transporte, estadia e refeição. Os aeronautas e aeroviários também estão preocupados com possíveis demissões, já que a empresa, que está em recuperação judicial, recebeu proposta de compra de parte de suas operações pela companhia Azul.
Segundo o presidente do sindicato, Ondino Dutra, os salários que estavam atrasados foram quitados nesse mês. Entretanto, a categoria teme novos atrasos da folha de pagamento. Dutra também explicou ao procurador-geral do MPT que os trabalhadores vêm enfrentando problemas com transporte, hotel e alimentação e que eventuais novos atrasos de pagamento, dentre outros problemas, podem levar os tripulantes ligados à empresa a realizarem uma paralisação.
Outra preocupação dos aeronautas é sobre o que vai acontecer com os pilotos e comissários que eventualmente não forem absorvidos pela empresa que comprar parte dos ativos da Avianca. Ondino Dutra afirma que os trabalhadores aguardam ainda a realização da assembleia geral de credores, que decidirá sobre a venda de parte das operações da empresa.
“Queremos garantir, por exemplo, que haja bens e/ou valores disponíveis para pagamento de eventuais rescisões, embora nossa meta imediata seja trabalhar pelo aproveitamento e acomodação de todos os trabalhadores”, destacou Ondino.
O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, destacou na audiência que MPT está acompanhado com atenção as notícias relacionadas aos trabalhadores da Avianca. Ele explicou aos representantes dos aeronautas que a instituição poderá tomar providencias caso persistam os problemas, e haja demissões em virtude da compra de parte das operações da empresa, para garantir o direito dos trabalhadores.
Fleury também ressaltou que a situação merece olhar especial, porque além das condições de trabalhado e direitos dos aeronautas e demais categorias, a segurança do voo precisa ser garantida.
Na sexta-feira (15), os trabalhadores da Avianca aprovaram estado de greve, em assembleia liderada pelo Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos (Sindigru). De acordo com o presidente do sindicato, Rodrigo Maciel, caso a empresa permaneça com as irregularidades, uma nova assembleia será realizada e os aeroviários na Avianca em Guarulhos vão paralisar as atividades. “Não vamos mais tolerar desrespeito e falta de compromisso com o trabalhador”, disse Maciel.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Em recuperação judicial desde dezembro, A Avianca afirma que está revisando de seu plano de recuperação judicial, e que as mudanças seriam apresentada nos próximos dias, com a nova estrutura da empresa.
Na terça-feira (26) a empresa multinacional divulgou que reduziu o tamanho de sua frota de 48 aeronaves para 26. A redução da frota levará o fim de 21 rotas e ao fechamento de três bases operacionais: Galeão (RJ), Petrolina (PE) e Belém (PA). A medida integra seu plano de recuperação judicial.
A empresa aérea Azul já apresentou a carta de intenções para comprar parte dos ativos da companhia e adiantou cerca de R$ 31,6 milhões à Avianca, a título de empréstimo e início de pagamento da folha de pessoal, FGTS, férias e rescisões trabalhistas.