O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral – preso desde 2016 e condenado a 198 anos e seis meses de prisão em processos derivados da Operação Lava-Jato – voltou a soltar o verbo durante depoimento ao juiz Marcelo Bretas na semana passada.
Desta vez, Cabral citou Aécio Neves, Anthony Garotinho, Eduardo Paes, Moreira Franco, Luiz Fernando Pezão – todos que teriam, além dele próprio, recebido grandes quantias beneficiados pelo esquema de corrupção com a Fetranspor – cooperativa que opera os ônibus do Rio de Janeiro. O atual prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), teria recebido em troca de seu apoio à candidatura de Paes à prefeitura do Rio em 2008 US$ 1,5 milhões da OAS.
A investigação a respeito do esquema com a Fetranspor foi batizada de Operação Ponto Final. Cabral é acusado por essa força-tarefa de ter recebido R$ 144,7 milhões apenas desse esquema entre julho de 2014 e outubro de 2016.
Questionado por Bretas durante o depoimento, o ex-governador disse que o valor recebido “girava em torno disso, sim”.
O pedido para audiência foi feito pela defesa de Cabral. Ele detalhou, então, o esquema de corrupção que envolvia a concessão de operação dos ônibus do Rio de Janeiro, citando, além dos políticos beneficiados, os empresários do ramo Luiz Carlos Lavouras (na região metropolitana), Amaury Andrade (no interior) e Jacob Barata (na capital) como fontes das propinas. Além de beneficiário, Cabral teria operado diversas vezes como negociante de recursos e doações para campanhas de seus correligionários.
Aécio Neves
Segundo depoimento de Cabral, o então deputado Aécio Neves (PSDB) teria recebido R$ 3 milhões para a sua campanha à Presidência da República em 2014 da Fetranspor e da OAS:
“Tenho uma relação afetiva muito grande com Aécio Neves (…) Eu chamei o Lavouras e mandei procurar o Osvaldo que é o homem que cuidava do dinheiro dele. O Aécio não participou da reunião, essa reunião foi entre mim e o Lavouras. Depois, ele [Aécio] me ligou para agradecer. Eu mandei dar R$ 1,5 milhão para ele desse dinheiro. Eu mandei dar também R$ 1,5 milhão da OAS para ele”.
Garotinho
Garotinho, que já operava com Amaury Adrade em Campos dos Goytacazes, foi responsável pela manutenção do esquema com a Fetranspor a partir de 1999, quando assumiu o mandato de governador do Rio.
“O Garotinho queria colocar o Andrade como seu interlocutor, já que ele dava propina em Campos dos Goytacazes. Deste modo, a ‘caixinha da Fetranspor’ no setor executivo seguiu acontecendo no governo no Garotinho”, afirmou no depoimento.
Paes
“Em 2008, ano eleitoral, tudo foi convertido para campanhas. A campanha de Eduardo Paes (hoje no DEM, na época no MDB) à prefeitura recebeu R$ 6 milhões. Pedi este valor ao Barata e Lavouras, era um pedido pessoal, dentro deste contexto do nosso acordo”, disse Cabral.
Pezão
A participação ativa de Pezão em diversos esquemas de corrupção e recebimento de propina já havia sido citada por Cabral em seus primeiros depoimentos de confissão, em fevereiro. Pezão teria recebido, em 2014, doações “com valores máximos”.
“Àquela altura, havia uma discussão sobre a renovação da licitação das linhas de ônibus. Por conta disto, a campanha do Pezão recebeu R$ 30 milhões”.
Moreira Franco
“Entre 1987 e 1990, por intermédio do então governador Wellington Moreira Franco (MDB), criam-se as soluções jurídicas necessárias para que as empresas deixassem de ser encampadas e a surge a primeira propina na Alerj. O então deputado estadual Gilberto Rodrigues era quem administrava a propina na Alerj. No executivo, Moreira Franco e Carlos Navega [procurador de Justiça morto em 2017] trabalhavam o trâmite de distribuição de propina na Alerj”, disse Cabral, referindo-se à origem da “caixinha dos transportes”.
Crivella
O atual prefeito do Rio de Janeiro teria recebido, segundo Cabral, US$ 1,5 milhões para apoiar Eduardo Paes nas eleições de 2008. O próprio ex-governador teria negociado com o empresário Eike Batista o recurso para comprar o apoio de Crivella.
“Assim que acabou o primeiro turno [em 2008], o terceiro colocado na corrida me procurou. Era o Marcelo Crivella (PRB). Eu e ele sempre tivemos uma relação respeitosa e fraternal. (…) Disse que estava sendo pressionado a apoiar o Fernando Gabeira (que disputava com Paes o segundo turno), mas não queria apoiá-lo por questões religiosas. O Armínio Fraga teria oferecido a ele 1 milhão de dólares. Pedi um tempo, liguei para o Eike Batista e fui à casa dele. Expliquei a ele que precisava de US$ 1,5 milhão, ele aceitou pagar. Paes soube desta situação toda e foi no dia seguinte à casa do Eike. Crivella chegou à casa dele e ficou combinado que o Crivella gravaria um vídeo apoiando o Paes, apenas no programa eleitoral que seria exibido na TV Record”.
Dr Bretas,
O que está faltando pra colocar este antro de políticos bandidos corruptos na cadeia ??
Aproveite para enjaular os 2 herdeiros da OAS (os verdadeiros mandatários das falcatruas e maracutaias) que permanecem livres, leves e soltos. E mais, ostentando como nada tivesse acontecido…
Não carece ser muito esperto, para saber que o mar de dinheiro saqueado foi muito maior que o devolvido. !!!!
Dr. Não deixe transparecer que o crime é compensador no Brasil