O 1º de Maio na França foi marcado pela exigência do fim dos ataques às aposentadorias, por elevação dos salários e melhoria dos serviços públicos em saúde e educação, além de uma orçamentação com investimentos que levem a uma reativação da economia paralisada por sucessivos governos dedicados a medidas de arrocho causadoras de recessão.
Multidões tomaram as ruas em 240 manifestações por todo o país, mobilizando um total de 310 mil franceses atendendo a um chamado intersindical.
Além da manifestação em Paris, que apesar da repressão e da prisão de 160 ativistas no início do ato, ocupou quarteirões no centro da capital francesa, houve grandes mobilizações em Marselha, Toulouse e Bordeaux. A marcha da cidade portuária de Marselha teve como faixa central, “Vamos defender nossas aposentadorias”.
A Confederação Geral do Trabalho, CGT, lançou um comunicado chamando aos atos do Primeiro de Maio, no qual denuncia que o alardeado “Grande Debate Nacional”, concluído no dia 25 de abril – com o qual Macron tentou apaziguar a ira dos franceses contra a perda de poder aquisitivo, indignação traduzida nas dezenas de atos de protesto dos Coletes Amarelos –, não trouxe nada além de “medidas cosméticas” e que na verdade se traduziu em um “falso diálogo”, uma “cortina de fumaça que trouxe rancores ” gerando “frustração” para a maioria das pessoas.
Macron lançou um debate que “se dizia democrático”, mas cujo resultado foi “um fosso imenso entre as conclusões e as reivindicações apresentadas pelos movimentos sociais”.
Entre as denúncias apresentadas pela CGT, destaca-se a redução no “nível das aposentadorias, de forma a obrigar os assalariados a trabalharem por mais anos para fugirem aos cortes”.
As reivindicações principais apresentadas pelo movimento sindical e reforçadas nas marchas de 1º de Maio foram:
– Melhoria dos salários, em especial elevação do Salário Mínimo, além da reposição dos valores das pensões e aposentadorias e dos benefícios sociais
– Medidas econômicas que gerem emprego em todo o território nacional
– Modernização e retomada dos serviços públicos atacados por uma “reforma” retrógrada
Por fim, a CGT denuncia que as medidas anti-trabalhistas de Macron “exoneram o patronato, os mais afortunados e não exige nenhuma contribuição a mais do capital para responder às fraturas sociais e territoriais”.
A CGT também denunciou o emprego da repressão. O principal contingente de manifestantes que se concentrava no início da tarde da quarta-feira no bairro parisiense de Montmartre foi atingido por uma chuva de granadas de gás lacrimogêneo, além de uma “repressão sem qualquer discernimento, um cenário escandaloso jamais visto nesta data e inadmissível para com a nossa democracia”.
A central destaca que, nas outras mais de duas centenas de demonstrações ocorridas por todo o país, os atos transcorreram de forma pacífica, deixando claro que a repressão em Paris era totalmente desnecessária e prepotente.