Após deputados aliados de Bolsonaro afirmarem que ele teria desistido de realizar o corte de 30% da verba de custeio das instituições federais de ensino, os ministérios da Casa Civil e da Educação publicaram notas oficiais em que desmentem o suposto recuo e reafirmam a decisão de arrochar as universidades públicas brasileiras.
A tensão entre os bolsonaristas ocorre às vésperas da Greve Nacional da Educação marcada para este dia 15, onde ocorrerão protestos contra a medida de Bolsonaro por todo o país. No mês passado, o governo anunciou um corte de R$ 7,4 bilhões no orçamento do Ministério da Educação. Segundo o MEC, para se ajustar ao novo orçamento, 30% da verba de custeio das instituições federais de ensino serão cortadas.
O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO), disse que Bolsonaro ligou para o ministro da Educação e o orientou a “rever os cortes”.
“O presidente Jair Bolsonaro ligou para o ministro Abraham Weintraub na nossa frente e pediu para rever [os cortes]. O ministro tentou contra argumentar, mas não tem conversa”, afirmou Waldir ao portal UOL.
No entanto, membros do governo passaram imediatamente a desmentir o líder do PSL.
Em nota, o Ministério da Educação, dirigido por Abraham Weintraub – que acaba de ser convocado para prestar esclarecimentos sobre os cortes no Plenário da Câmara dos Deputados, afirmou: “O Ministério da Educação esclarece que a informação [de que os cortes foram suspensos] não procede”.
Já a Casa Civil, de Onix Lorenzoni diz que os cortes na verba destinada ao pagamento de contas como água, luz, limpeza e manutenção das instituições é “responsável”.
“Não procede a informação de que haverá cancelamento do contingenciamento no MEC. O governo está controlando as contas públicas de maneira responsável”, afirmou a Casa Civil em nota.
A líder do governo na Câmara, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), também contradisse os deputados aliados e afirmou que “Bolsonaro sabe o que faz”.
“Atenção! O ministro da Educação, com quem estou agora, garante que o contingenciamento nas Universidades permanece. Informação confirmada pela Casa Civil e pelo nosso ministro Paulo Guedes. O Governo Jair Bolsonaro sabe o que faz. O resto é boato barato”, escreveu em seu perfil no Twitter.
O deputado Capitão Wagner (PROS-CE), que também disse ter ouvido Bolsonaro, considerou que os boatos surgiram do próprio governo. “Quem criou o boato? Foi o governo, que voltou atrás e depois voltou atrás de novo. Recuou duas vezes. Espero que os demais parlamentares que estavam na reunião amanhã possam indagar o ministro da Educação se ele recebeu ligação telefônica do presidente. Porque ou o ministro está mentindo, ou o presidente não ligou para ele. Será que o presidente forjou a ligação na nossa frente? Tenho certeza que não”, disse o deputado no plenário.
Assista ao vídeo