Pela primeira vez na história, na comitiva de um governante no exterior, havia um traficante, que levava 39 kg de cocaína.
A reação de Bolsonaro foi dizer que o traficante já fazia isso há algum tempo.
O repugnante bajulador que Bolsonaro nomeou para o Ministério da Educação, Abraham Weintraub, deixou claro o que Bolsonaro queria dizer, ao escrever em seu twitter:
“No passado o avião presidencial já transportou drogas em maior quantidade. Alguém sabe o peso do Lula ou da Dilma?”
Lula e Dilma podem ter os defeitos que têm – mas nunca um traficante foi preso em suas escoltas, quando de viagens ao exterior (ou aqui dentro do país). Muito menos um traficante que carregava mais de 30 kg de cocaína.
Nunca houve isso.
Os 39 kg de cocaína – e mais o traficante – estavam na escolta de Bolsonaro.
Apenas na de Bolsonaro.
Por que ele achou que podia fazer isso na escolta de Bolsonaro, é algo que, esperamos, a investigação esclarecerá. Mas chama atenção a falta de limite – por que ele, apesar de ser militar, achou que podia transgredir esse limite na viagem de um presidente da República – e só na de um presidente chamado Jair Bolsonaro?
E antes que Bolsonaro proteste outra vez que nada tem a ver com isso, deixamos claro o sentido do que acabamos de dizer: não se trata de uma acusação a ele. Trata-se apenas de uma indagação óbvia: que ambiente é esse, que cerca o atual presidente, que faz um militar não reconhecer um limite – e, nesse caso, um limite absoluto?
Sob qualquer aspecto, portanto, o que Weintraub escreveu, como disse o ex-deputado e ex-ministro Roberto Freire, é uma calhordice.
Ao saber do que o ministro da Educação de Bolsonaro escrevera, Marina Silva, coordenadora do Rede Sustentabilidade, comentou:
“O Brasil precisa de mais educação e não menos. É lamentável o Ministro da Educação brincar com um episódio grave, que já prejudicou a imagem do país no exterior, às vésperas do G20. Basta de falta de educação!”
Roberto Freire, presidente do Cidadania, desabafou:
“Que momento! Temos um governo no qual existe uma disputa entre os que mais boçalidades fazem ou dizem. Ao comentar o episódio da apreensão de drogas pela polícia espanhola, em avião da FAB da Comitiva do Presidente da República, o Ministro da educação pontificou na calhordice.”
Até João Amoêdo, do Novo, não ficou calado:
“Ministro, não tenha compromisso com o erro, peça desculpas. Vamos trabalhar pela educação e pelos brasileiros, com a postura que se espera de um ministro de Estado.”
Nem Marina, nem Freire, nem Amoêdo têm simpatia por Lula ou Dilma.
Porém, isso não significa que admitam qualquer canalhice.
Weintraub estava, no entanto, apenas repetindo o que dissera Bolsonaro. A canalhice original (?) não foi dele. Como puxa-saco sem escrúpulos, ele apenas deixou-a mais clara, mais ostensiva – e, por isso, mais repugnante, ou, talvez, mais fácil de ser repudiada.
Recebeu um apoio de peso nos meios políticos: um certo Eduardo Bolsonaro.
FEZ-SE O MILAGRE
Bolsonaro está conseguindo, realmente, alguns milagres em seu governo.
Por exemplo, nos fazer concordar com Angela Merkel, primeira-ministra da Alemanha (os alemães chamam o portador desse cargo de chanceler).
Disse ela sobre a política “dramática” de meio ambiente de Bolsonaro:
“Vejo com grande preocupação a questão das ações do presidente brasileiro, e, se ela se apresentar, aproveitarei a oportunidade no G-20 para ter uma discussão clara com ele.”
Como é que se pode discordar disso?
E a autora é Angela Merkel, líder do CDU, o partido mais à direita da Alemanha (fora os neonazistas e outras maluquices, que pertencem mais ao hospício do que à política).
Respondendo a Merkel, disse Bolsonaro que os alemães “têm a aprender muito conosco”.
Devem ter mesmo. Porém, não é o caso de Bolsonaro, que, em entrevista, declarou, sobre Adolf Hitler: “Profissionalmente, ele foi um grande estrategista… quando você tem um general, aqui no Brasil ou em qualquer exército do mundo, aquele general tem que estar pronto para aniquilar outro país, destruir outro país, para defender o seu povo” (v. HP 03/04/2019, O nazismo era de esquerda, a Terra é plana, a ditadura não existiu, Trump é a encarnação de Deus).
Além de se orgulhar de que “o meu bisavô foi soldado de Hitler”.
Há certas coisas que, nas melhores (e até nas piores) famílias, o pessoal esconde, porque não pega bem.
Bolsonaro, não. Ele exibe essas coisas em público.
Hitler, “profissionalmente”, foi um criminoso, um monstro que exterminou covardemente milhões de pessoas – e não foi para defender o seu povo, a quem, pelo contrário, levou a uma sangria desatada. Mas, com esse lado da história da Alemanha, Bolsonaro quer aprender alguma coisa…
O resultado é passar vergonha até diante de Angela Merkel e fugir de uma entrevista, quando lhe perguntaram sobre o assunto, do modo mais sem dignidade: aquele em que o calcanhar bate nos glúteos.
C.L.
P.S.: Alguns jornalistas levantaram a seguinte questão: por que o traficante da escolta de Bolsonaro levava 39 kg e não 40 kg? Por acaso ele pagou uma comissão de 1 kg de cocaína a alguém? A quem?
P.P.S.: Sobre o título deste artigo: houve época, mesmo antes da Revolução de 1930, que os brasileiros podiam cantar: “A Europa curvou-se ante o Brasil/ E clamou parabéns em meio tom” (Eduardo das Neves, 1902, em homenagem a Santos Dumont). Bolsonaro é o oposto disso. Portanto, é o oposto do Brasil. Mas, voltaremos a cantar como Eduardo das Neves.
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Vocês são um jornaleco muito de esquerda…….e vão cobrar da ESQUERDALHA os roubos….as corrupções…
Os enriquecimentos ilícitos….mortes….
e tantos absurdos cometidos por lulaladrao…..pela Dilma ESTOCADORA de vento…..dos filhos analfabetos do lula…da gleisi narizinho…..do José Dirceu…..e por aí vai……..
E deixem nosso PRESIDENTE trabalhar em
Paz……!!!!!
De “esquerda”? Não. Nós somos, apenas, a favor do Brasil. E da Humanidade. O Bolsonaro é contra. Por isso, ele não deixa o Brasil em paz.