A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) denunciou na terça-feira (30) que 911 crianças migrantes foram separadas de suas famílias na fronteira dos Estados Unidos com o México entre o fim de junho de 2018 e 29 de junho deste ano, apesar da ordem judicial para que o governo americano interrompesse a medida desumana do governo Trump. Segundo a ACLU, uma em cada cinco crianças nesta situação tem menos de cinco anos e há inclusive casos de bebês.
Segundo a entidade de defesa dos direitos civis nos EUA, a grande maioria das separações se basearam em supostos crimes cometidos pelos pais. Muitas das violações alegadas são judicialmente equivalentes a infrações de trânsito. Outros motivos usados como pretexto para a separação incluem preocupação com a segurança da criança, relação familiar não identificada e doença dos pais.
“O governo continua separando filhos das famílias sob o disfarce de estar protegendo essas crianças de seus próprios pais, embora o alegado histórico criminal deles esteja errado ou é chocantemente menor”, afirmou Lee Gelernt, do projeto de direitos dos imigrantes da ACLU.
A separação de famílias começou em março de 2018. Em pouco tempo, mais de 2.600 menores foram separados dos seus pais sob a política de “tolerância zero” do governo Trump, que exigia o processamento penal de todos os imigrantes adultos que fossem detidos depois de tentar atravessar a fronteira sul do país.
Todas as crianças eram colocadas em abrigos ou alocadas em casas de família. Há muitos casos de famílias migrantes que acabaram separadas por milhares de quilômetros durante semanas. A política do então procurador-geral, Jeff Sessions, criou muito mal-estar na sociedade americana e fez com que o presidente fosse obrigado a cancelar formalmente, três meses depois do início de sua aplicação, embora sem reunir de volta as crianças apartadas dos pais.
Depois do cancelamento, o juiz Dana Sabraw, de San Diego, ordenou que o governo reunisse as crianças que já haviam sido separadas e determinou que a separação de famílias na fronteira ocorresse apenas em casos excepcionais de risco para a segurança da criança.
De acordo com Gelernt, após a ordem judicial, a prática foi reduzida, mas recentemente os casos voltaram a aumentar. Com os novos números, a ACLU pediu ao juiz Dana Sabraw que esclareça a norma para a separação, garantido que ela só ocorra quando os pais representarem um perigo real para as crianças.
A separação das famílias é uma das principais medidas do governo Trump para aterrorizar os imigrantes que tentam entrar nos Estados Unidos.