O fotógrafo Araquém Alcântara, um dos mais respeitados do Brasil, publicou uma série de fotos sobre as queimadas na região da Amazônia no último período.
Por meio de suas fotografias, o artista expõe sua revolta com o descaso do governo Bolsonaro frente à gravidade da situação. Segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de queimadas aumentou 82% na região.
“A intensificação do desmatamento é real, é coisa objetiva feita por satélites. E o cara diz que os dados não são reais, que não precisamos de dinheiro estrangeiro. Desmatamento livre é o que quer”, condenou Araquém em uma publicação em suas redes sociais.
As fotos de Araquém causaram comoção na internet. Milhares de pessoas compartilharam as publicações do fotógrafo.
Eu estive lá e vi. E fotografei. Sou testemunha ocular.
Leia o testemunho do fotógrafo:
A Amazônia é a minha matriz criativa. Já foram mais de cinquenta viagens e expedições. Não de avião, mas andando, de mochila nas costas, de barco e de carro. Já subi o Pico da Neblina duas vezes, já pisei onde ninguém pisou, já fiz quatro livros sobre a floresta e seu povo, já ganhei o Jabuti, já publiquei centenas de reportagens nestes 49 anos de jornalismo e fotografia. E agora, com os recentes acontecimentos estou cheio de revolta. É preciso elevar o tom.
Como pode o presidente do país suspender apoio financeiro de Noruega e Alemanha- o Fundo Amazônia- que já aprovou 103 projetos no valor de R$ 1,86 bilhão, e já desembolsou R$1,3 bilhão, desde 2008 quando foi criado? O pior é que esse fundo é gerido pelo governo brasileiro. Dinheiro europeu de graça, sob controle do Brasil. Não dá para entender: o Brasil não tem dinheiro para pagar bolsas de estudo e pode não ter dinheiro nem para a alimentação de recrutas.
A imprensa noticia que desmate na Amazônia cresceu 15% (5.054 km quadrados em um ano, segundo o SAD (Sistema de Alerta do Desmatamento) da ONG Imazon. O Deter, sistema do Inpe, adotado oficialmente, indica uma porcentagem muito maior, 50% ( 6.833 km quadrados ).
A intensificação do desmatamento é real, é coisa objetiva feita por satélites. E o cara diz que os dados não são reais, que não precisamos de dinheiro estrangeiro. Desmatamento livre é o que quer.
Assim, como disse o poeta Carlos Drummond de Andrade, “não haverá dia seguinte… o vazio da noite, o vazio de tudo será o dia seguinte” Assim, não haverá mais país.