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Está muito preocupado com os incêndios no país dos cangurus
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi para as redes sociais na sexta-feira (10) reclamar do silêncio do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) quanto às queimadas na Austrália.
Com mais essa manifestação, o parlamentar demonstra não estar mesmo preparado para funções públicas. Não sabe que o órgão tem jurisdição apenas federal e não pode emitir opiniões sobre outros o países.
“Quase MEIO BILHÃO de animais mortos no fogo da Austrália e não tem famoso protestando, a imprensa finge que nada acontece. Organizações como a @WWF_Brasil (só fez 1 post) e @ICMBio quase nada ou nada falam, a pirralha maluca também sumiu. Curioso, né?”, questionou em sua conta oficial do Twitter.
Será que o deputado quer ser embaixador do Brasil na Austrália? Afinal, ele tem uma grande experiência internacional. Foi intercambista nos EUA (veja foto).
Especializado em fritar hambúrguer em lanchonetes americanas, o “zero três” não conseguiu ser nomeado para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos – apesar de todo o empenho de papai – exatamente por apresentar deficiência de conhecimentos em qualquer outra área que não tivesse relação com as frituras.
Com essas declarações, ele demonstra, além do preconceito, uma ignorância especial em assuntos sobre o meio ambiente.
Alguém do governo poderia informá-lo que, por ser órgão federal e com o fim específico de cuidar das unidades de conservação, não cabe à instituição cobrada se pronunciar sobre os incêndios na Austrália.
Quando o ICMBio, que é responsável por executar as ações do “Sistema Nacional de Unidades de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as UCs instituídas pela União”, cumpriu sua obrigação legal e alertou para as consequências para a biodiversidade das queimadas na região amazônica, o bolsonarismo – com Eduardo e Jair à frente – só faltaram mandar prender a sua direção.
Desmontaram o Ibama e perseguiram seus funcionários. Atacaram publicamente o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o cientista Ricardo Galvão, por este ter revelado, com base em dados do instituto, o crescimento do desmatamento da Amazônia.
A intenção de Eduardo Bolsonaro, ao falar dos incêndios na Austrália e agredir personalidades que se preocupam com a defesa do meio ambiente, além da tentativa de desmoralizar órgãos de controle de queimadas no Brasil, não é outra senão abrir espaço para a atuação das milícias bolsonaristas desta área: madeireiros ilegais, garimpeiros clandestinos e grileiros dentro do país.
Não é atoa que os bolsonaristas fazem isso. Eles defendem a atuação desses criminosos. E isso fica claro com a informação que o governo acaba de dar, de que está preparando um projeto de lei para enviar ao Congresso que autoriza a mineração, exploração de petróleo e gás e a construção de hidrelétricas em terras indígenas.
A proposta, elaborada na Casa Civil da Presidência, será enviada ao Congresso e fala ainda em permitir “o exercício de atividades econômicas, pelos índios em suas terras, tais como agricultura, pecuária, extrativismo e turismo”.