Faleceu em São Paulo o médico Frederic Jota Silva Lima, de 32 anos, sem doença crônica, internado no hospital Emílio Ribas, na capital paulista, com suspeita de Covid-19.
Frederic atuava na linha de frente do combate ao coronavírus na Unidade de Pronto Atendimento (UPAs) de Itaquera, na Zona Leste da capital paulista, e na UPA Rudge Ramos Campo, no ABC.
A irmã dele, Eva Tolvana, que vive no Pará, disse ao Jornal Hoje, da TV Globo, que chegou a conversar com ele no domingo (19), pouco antes de ele morrer. O óbito do jovem médico foi confirmado na segunda-feira (20).
“Ele estava apresentando tosse. No domingo de madrugada, ele teve falta de ar e foi para o hospital. Consegui falar com ele por mensagem no domingo pela manhã. Ele falou que estava ruim e já não visualizou mais minhas outras mensagens. Em 50 minutos não estava mais online. E quando foi meio do dia, um amigo dele me ligou dando a notícia. Ele se sentiu mal, tentaram entubar, mas ele teve uma parada e não resistiu”, lamentou a irmã.
A morte do jovem médico demonstra que o risco da doença é para todos. Enquanto isso, o governo Bolsonaro insiste que estados e municípios encerrem a quarentena e liberem a livre circulação de pessoas
Mortes em SP triplicam
Em São Paulo, nos últimos 15 dias, o número de vítimas da Covid-19 quase triplicou. Hoje, segundo o balanço da secretaria de Saúde, foram registrados ao todo 1.093 mortes decorrentes da doença. No dia 7 de abril, este número era de 371 vítimas. Ainda de acordo com as informações mais recentes, há 15.385 casos confirmados da doença no estado, espalhados em 239 cidades.
Ainda de acordo com a secretaria, houve 170% de aumento no número e casos confirmados. O número de cidades que registram a doença também aumentou consideravelmente; até o dia 7, eram 121 municípios. Entre suspeitos e confirmados, seis mil pessoas estão internadas em leitos do estado, que não especificou quantas elas estão sob tratamento intensivo.
O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (DEM), afirmou que qualquer movimentação no sentido de afrouxar a quarentena só será tomada a partir do dia 10 de maio — data em que termina o prazo da segunda prorrogação da quarentena devido à pandemia.
“A questão é muito mais olhar a curva da epidemia, saber onde ela está terminando e onde está começando e, a partir daí, decidir por onde abre. Comércio de rua deve ser aberto antes do que academia ou shopping. Mas tudo é análise, sem nenhuma definição. Quem vai nortear onde e quando abrir é o Centro de Contingência”, disse o vice-governador.
A capital paulista concentra grande parte os casos do novo coronavírus no país. São Paulo e municípios da região metropolitana já se aproximam do colapso do sistema hospitalar, em razão do alto número de internações.
Isolamento em 51%
O Sistema de Monitoramento Inteligente (SIMI-SP) do Governo de São Paulo mostra que o percentual de isolamento social no Estado foi de 51% hoje (21).
A central analisa os dados de telefonia móvel para indicar tendências de deslocamento e apontar a eficácia das medidas de isolamento social. Com isso, é possível apontar em quais regiões a adesão à quarentena é maior e em quais as campanhas de conscientização precisam ser intensificadas.
Durante o fim de semana, o número chegou a ficar abaixo dos 50%. O médico infectologista David Uip, que coordena o Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo, tem reiterado que é necessária uma a adesão de pelo menos 70% da população do estado para que o vírus seja controlado.