A polícia de Berlim dispersou no último sábado uma manifestação ilegal de extrema-direita que exigia o fim da quarentena e de outras estratégicas medidas de defesa implementadas para conter a pandemia de Covid-19.
Convocadas por grupos propagadores de teses conspiratórias, cerca de mil pessoas se concentraram na Praça Rosa Luxemburgo, na região central da capital alemã, e divulgaram símbolos e mensagens anticonstitucionais. Além disso, de acordo com as autoridades, as 105 pessoas foram detidas e tiveram seus dados registrados por terem alardeado e propagandeado valores abertamente criminosos, principalmente por colocar em risco medidas que defendem a vida das pessoas, além de terem agredido fisicamente a cinco policiais, e vão responder judicialmente.
Um protesto semelhante foi registrado pela polícia em Stuttgart, com cerca de 300 pessoas
Há pelo menos um mês, Berlim tem sido palco de protestos semanais contra as medidas de combate à pandemia, que incluem a proibição de eventos, fechamento de escolas e de importante parcela do comércio. Pelas regras de isolamento em vigor são proibidas aglomerações de mais de duas pessoas e eventos com mais 20 participantes precisam de autorização das autoridades, sendo permitidas desde que apenas com a distância mínima de um metro e meio.
A advogada Beate Bahner, de 54 anos, de Heidelberg, que havia convocado uma manifestação similar há duas semanas passou a ser investigada pela promotoria local por convocar um protesto ilegal em tempos de pandemia.
AMPLO RESPALDO
Uma pesquisa recentemente divulgada apontou o amplo respaldo dos alemães às medidas da chanceler federal, Angela Merkel, em defesa da saúde pública: 78% concordam totalmente com as medidas de restrição impostas pelo governo; 18% parcialmente e somente 2% muito pouco.
Apesar das medidas, até a tarde desta terça-feira, a Alemanha é o quinto país do planeta com mais casos do novo coronavírus, tendo pelo menos 159 mil testes com resultado positivo, com 6.164 óbitos. Mas, há que se ressaltar, mortalidade significativamente mais baixa do que em países com números similares de casos. A Inglaterra, com 157 mil testes confirmados, tem 21.092 mortos, e a França, com 128 mil testes, tem 23.293 óbitos, o que dispensa comparações.
Uma das declarações críticas à quarentena e às advertências de Merkel contra o levantamento açodado das restrições preventivas, a do presidente da Câmara dos Deputados, Wolfgang Schäuble, mostra o inaceitável descaso para com a vida por parte de alguns e similares ao que temos visto com insistência por aqui, por parte de Bolsonaro e figuras ligadas a ele: “Quando escuto que qualquer outra consideração deve ceder à proteção da vida, acredito que este absolutismo não é justificado”, afirmou Shaüble, no fim de semana ao jornal Tagesspiegel.