Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN) exige a proibição das demissões e pagamento integral a trabalhadores sob suspensão temporária.
“A luta ganha ainda mais atualidade nesta fase da vida nacional, em que está em marcha uma ampla campanha ideológica que pretende incutir que os direitos dos trabalhadores são inimigos da recuperação económica do país”, afirmou, em seu pronunciamento a secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha.
Camarinha falou para os presentes ao ato realizado em Lisboa, na Alameda D. Afonso Henriques, que não ficou lotada como nas manifestações dos anos anteriores, presentes os líderes sindicais, cada um guardando uma distância de mais de 2 metros do outro, para prevenir contra a propagação do Covid-19. Ela destacou que se exige também que sejam revertidas as demissões realizadas desde o início da pandemia.
Dizendo que os trabalhadores não querem caridade, mas a justa retribuição pelo seus esforços enfatizou: “Exigimos fim imediato à ofensiva em marcha”.
Quanto ao regresso dos trabalhadores ao local de trabalho, em discussão da amenização da quarentena, a CGTP exige “a proteção de todos os trabalhadores”, referindo-se à higienização dos postos de trabalho e à disponibilização de equipamentos de proteção individual.
Segundo a secretária-geral da CGTP, se assiste ao “aproveitamento que alguns fazem do vírus para acentuar a exploração”, criando ainda mais precariedade trabalhista.
Este é o vídeo com o evento em Lisboa:
A líder da CGTP considerou que é precisamente com avanços nos direitos trabalhistas, proteção do emprego e aumentos dos rendimentos que a recuperação será mais rápida e sólida. “Não estamos condenados a anos e anos de sacrifícios, a uma recuperação lenta, a um processo doloroso que implicará mais austeridade, como é repetido insistentemente por muitos e admitido pontualmente por outros”, afirmou.
“Há um milhão no limiar da pobreza, salários cortados, trabalhadores em lay-off [suspensão temporária do serviço]. O antivírus tem de ser contra a pobreza e a desigualdade, com novas políticas e com o pressuposto dos trabalhadores serem o mais importante nas políticas económicas dos próximos tempos”, acrescentou a líder sindical portuguesa.
Ressaltando que “agora, mais do que nunca, ficou demonstrada a importância e o papel do Estado”, Camarinha esclareceu: “O tempo que vivemos comprova a importância fundamental do trabalho e dos trabalhadores. Estamos na rua, por direito e por dever, para com aqueles que representamos e que enfrentam uma brutal ofensiva, que estão sujeitos ao aproveitamento que alguns fazem do vírus para acentuar a exploração”.
A sindicalista frisou bem que, apesar da pandemia, a CGTP não irá alterar o programa de lutas que já tinha aprovado para este ano, em particular a exigência de aumentos de salários e do salário mínimo nacional; a revogação das normas “gravosas” da legislação laboral em particular da contratação coletiva, a luta pelas 35 horas em todos os setores; e apelar a alterações na política fiscal, pondo “o capital a pagar impostos para aumentar a receita e desonerar os salários de quem trabalha”. E “agora, mais do que nunca, ficou demonstrada a importância e o papel do Estado”.
Por fim, alertou ser impossível a recuperação e o atendimento mínimo às necessidades dos trabalhadores com a drenagem imposta pela Troika para favorecer os bancos: “Estamos de novo reféns de uma ‘bazuca’ vinda de Bruxelas, mas nós sabemos que dali, as ‘bazucas’ são sempre rápidas a atacar os direitos, deixar o país mais dependente”.