O engenheiro e cientista de dados Mauricio Féo aponta os sinais de que a quarentena ajudou a conter disseminação do coronavírus no Brasil.
Criador do site Engenheirando, Féo apresentou em vídeo uma análise estatística com gráficos sobre a evolução da curva da pandemia do coronavírus de Covid-19. Apesar do aumento do número de casos, o cientista destaca que a quarentena estabelecida por estados e municípios brasileiros freou a velocidade do crescimento exponencial da curva.
Veja o vídeo:
“Confie na ciência. Não duvide da eficácia da quarentena. Nessas duas últimas semanas, você não ficou preso em casa; você ficou a salvo em sua casa, e adicionalmente você está salvando vidas”, orienta.
Os efeitos do isolamento social na contenção do coronavírus podem ser visualizados em gráficos. Segundo Féo, que faz doutorado em física de partículas em Genebra, na Suíça, em um gráfico os casos confirmados da Covid-19 entre os dias 25 de fevereiro e 29 de abril, fornecidos pelo Ministério da Saúde, e explica como a curva do crescimento da pandemia no Brasil tem desacelerado.
“O Brasil não está mais seguindo uma curva exponencial perfeita”, afirma Féo ao mostrar como a curva de novos casos confirmados começou a “achatar” em 23 de março.
O crescimento exponencial é aquele em que o valor inicial de um evento é multiplicado por um mesmo número a cada período de tempo. Ao longo do tempo, este crescimento alcança valores assustadores quando comparado com o valor que se tinha inicialmente.
A curva exponencial dos gráficos sobre a pandemia representa o número de novas infecções ao longo do tempo. Por isso, o formato da curva pode indicar dois padrões: Quanto maior o número de novos casos em um menor intervalo de tempo, mais acentuada a subida da linha; Quanto menor o número de novos casos em um maior intervalo de tempo, menos acentuada a subida.
O vídeo mostra que o crescimento da curva do coronavírus no Brasil mudou de comportamento em dois momentos, tomando inclinação menos acentuadas. “Embora os casos ainda venham crescendo, eles não estão mais seguindo uma trajetória exponencial como estavam antes”, comenta o pesquisador.
Como ainda não temos uma vacina contra a Covid-19, Feo atribui ao isolamento social e medidas de quarentena adotadas pelos estados como o fator capaz de frear o crescimento de novos infectados. “Mas a história poderia ter sido diferente se nada tivesse feito”, afirma o engenheiro.
Féo ressalta que os gráficos foram feitos com base em dados informados pelo Ministério da Saúde, que podem sofre alteração devido à subnotificação dos casos. “Estabelecer a data específica de quando a curva mudou seu crescimento depende de muita coisa, incluindo a disponibilidade e demora no resultado dos testes, por exemplo.”
“Mesmo que os números não representem a realidade absoluta do Brasil, o que importa é mostrar o formato da curva ao longo do tempo”, afirma o engenheiro.