O diretor executivo do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, assinalou, no domingo, 3, que embora a maioria dos países ainda estejam no olho do furacão do Covid-19, alguns começaram a tomar medidas que, se bem controladas, podem mostrar que é possível conter a doença até certo ponto.
“Alguns lugares do mundo estão começando a sair da pandemia e a retomar cautelosamente algum tipo de vida normal, mas o novo coronavírus colocará riscos significativos até que se desenvolvam vacinas”, disse o principal especialista em emergências da OMS.
Na Europa iniciou-se a saída gradual do isolamento preventivo. Na Espanha, um dos países mais castigados pelo Covid-19, milhares de pessoas encheram ruas, praças e parques no sábado e domingo últimos para fazer exercícios e passear ao ar livre, sem muita supervisão. Na Alemanha, com mais presença das forças do Estado, as crianças puderam, através de rodízios, brincar um pouco nos parques infantis.
A Itália ainda espera um pouco pela reabertura de parques, pela possibilidade de visitar a família ou de fazer reuniões de mais de 5 pessoas como máximo ou a abertura de bares e restaurantes. Porém lá já está definido que os colégios não abrirão até setembro, informou a agência AFP.
“À escala mundial, a situação continua sendo muito, muito grave, não podemos baixar a guarda, confundir nossos desejos com a realidade. A evolução da doença e a trajetória do vírus é muito diferente nos distintos lugares do mundo neste momento”, afirmou.
“O que estamos aprendendo é que é possível controlar esta doença e que, se tomamos todos os cuidados agora, é possível começar a retomar a vida econômica e social, com uma nova forma de fazê-lo e com extrema precaução e vigilância”, disse.
Porém, alguns países da América do Sul, Central e da África ainda estão tendo “uma trajetória ascendente de casos” e, para agravar a situação, a disponibilidade de testes lá continua sendo um problema, acrescentou Ryan, ponderando sobre casos entre os quais o Brasil é destaque.
Mais de 3,5 milhões de pessoas foram infetadas pelo novo coronavírus em todo o mundo e 249.712 faleceram até a tarde de segunda-feira, 4, segundo as informações da Universidade Johns Hopkins.
Notificaram-se infecções em mais de 210 países e territórios desde que se identificaram os primeiros casos na China em dezembro passado.
“Estamos em meio da luta de nossas vidas, todos nós no mundo”, sublinhou Ryan. “Haverá um risco significativo e estendido até que cheguemos a um ponto em que tenhamos uma vacina segura e eficaz disponível para todos. Não podemos comportar-nos como se só nos interessasse o nosso quintal”, alertou.
Ryan disse que alguns países como China, Coréia do Sul, Singapura e Nova Zelândia, chegaram ao que qualificou como “um estado estável” em relação à propagação do vírus.