Grã Bretanha suplanta a Itália como o segundo país mais enlutado pela Covid-19
O saldo de mortos no mundo pela Covid-19 ultrapassou na terça-feira (5) o patamar dos 250 mil, enquanto o total de infectados já superou os 3,6 milhões de pessoas.
No entanto, esses números, por mais terríveis que sejam, refletem apenas em parte o total de mortos – e de infectados -, pois as mortes nos países atingidos estão muito acima da média do período em anos anteriores, bem como alguns países apenas contabilizam a morte nos hospitais.
As autoridades médicas consideram que até agora, pelo menos 1,2 milhão de pessoas foram curadas da doença. Nos EUA, recordistas mundiais em número de casos e de óbitos por coronavírus, a perda de vidas já passa de 72 mil e os casos confirmados, de 1,2 milhão.
Os Estados Unidos, de longe o país mais afetado, agora têm 72 mil mortos e poderiam contar com 100 mil no início de junho, de acordo com vários modelos epidemiológicos. O número de mortes acelerou novamente na terça-feira, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins , com 2.333 mortes por coronavírus em 24 horas. No total, o Covid-19 matou mais de 256.000 pessoas em todo o mundo desde seu aparecimento em dezembro na China.
A Grã Bretanha acaba de ultrapassar a Itália – até então o epicentro da pandemia na Europa – como o número dois do planeta em mortos da Covid-19, com 29.427, comparado a 29.315. Espanha e França superaram os 25,5 mil mortos.
Somadas as mortes pelas quais a Covid-19 é a causa provável, mas não confirmada por teste, o total de mortos inglês já excede os 32 mil.
Ainda, de acordo com as autoridades médicas britânicas, na semana terminada em 24 de abril, houve 50% a mais de mortes em relação a igual período do ano anterior.
O que deve levar o primeiro-ministro Boris Johnson a estender a quarentena na quinta-feira, mesmo que mantida a apresentação no domingo do plano inglês para gradualmente deixar o fechamento em vigor.
Com quase 170 mil contágios, a Rússia tem até aqui 1.537 mortos e vem chamando a atenção a velocidade da disseminação da pandemia, com 10 mil novos casos diários nos últimos quatro dias.
“TIRAMOS O CHAPÉU”
A China continental (excluindo Hong Kong e Macau), onde a epidemia foi detectada pela primeira vez no final de dezembro, tem 4.663 mortos e quase 83 mil casos. Nas últimas 24 horas, um novo caso e zero mortes foram registrados.
Na sexta-feira (2), a Organização Mundial de Saúde (OMS) saudou a informação de que não havia mais pacientes do coronavírus nos hospitais de Wuhan, a cidade chinesa em que primeiro foi detectada a Covid-19. “Nada exceto admiração e agradecimento pelos incansáveis esforços das pessoas em Wuhan, não apenas os trabalhadores da saúde mas os indivíduos que ficaram em suas casas, que aderiram às medidas de saúde pública por um extenso período de tempo. Nós tiramos o chapéu para vocês”, disse a líder técnica do programa de emergências da OMS, Maria Van Kerkhove.
“MUITO ALTA, QUASE VERTICAL”
Na América Latina e Caribe, são 272 mil casos de Covid-19, e mais de 14 mil mortos, a metade disso no Brasil. Até mesmo Donald Trump, em recente declaração, reconheceu que no Brasil a curva de contágio está “muito alta, quase vertical”.
Na África, há 47 mil casos confirmados e 2 mil óbitos. Apesar de a pandemia ter começado pela Ásia, graças às medidas de quarentena e de rastreamento de contágios, há até aqui menos de 10 mil mortos, com a China, a Coreia do Sul e o Vietnã tendo controlado o surto; o Japão, recentemente, endureceu as medidas de distanciamento social. Na Oceania, onde se destaca a contenção da Covid-19 levada a efeito na Nova Zelândia, são menos de 9 mil casos, com 124 mortos.
MITIGAÇÃO
Países europeus que estiveram no olho do furacão da pandemia nos últimos dois meses, após terem conseguido achatar a curva de contágio e estabilizar o sistema hospitalar, graças a fortes medidas de distanciamento social e fechamento das atividades não-essenciais, como a Espanha, França e Itália, começam gradualmente a deixar para trás os momentos mais difíceis do embate com a pandemia, fase pela qual a China já passou.
Há um longo caminho pela frente. O que não representa uma volta à “normalidade” anterior à pandemia, mas a convivência com o vírus, enquanto não houver vacina ou tratamento, por meio de novas práticas sociais, que minimizem o risco de contágio nos locais de trabalho e de convivência – como o distanciamento, a lavagem freqüente de mãos, o uso de máscara facial, o trabalho e aulas à distância e a desinfecção constante de ambientes de convivência.
SEM AÇODAMENTO
A OMS tem advertido que o açodamento em reabrir a economia pode levar a uma segunda onda de contágios, pior que a primeira, e capaz de causar danos ainda maiores à economia, na medida em que haverá de recuar para o máximo de isolamento.
Como tem reiterado a OMS, para que seja possível levantar a quarentena é preciso que o surto esteja contido através do distanciamento social, que o sistema hospitalar esteja em condição de suportar um possível repique, e que sejam testados todos os casos suspeitos, para que os doentes sejam isolados e tratados, e para que todos os contatos com o doente sejam rastreados e quebrada a cadeia de transmissão da Covid-19.
A OMS também alerta que as autoridades devem estar prontas, a cada fase do processo de ‘desconfinamento’ – termo recém popularizado sob a pandemia -, é preciso estar pronto para recuar, caso a taxa de infecção ou o número mortos escale repentinamente.
Ao mesmo tempo em que provoca uma onda de solidariedade no mundo inteiro e de gratidão ao pessoal médico, a Covid-19 e suas conseqüências no terreno econômico acabam servindo de terreno fértil para o obscurantismo dos que negam a ciência e a milenar experiência da humanidade diante do flagelo da epidemia e, sem qualquer empatia para com as vítimas e os seus familiares, fazem abertamente a estúpida apologia do contágio.
ANTÍDOTO
Como o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou, em sua coletiva diária sobre o combate à pandemia, logo após a vitoriosa conferência que arrecadou US$ 7,4 bilhões para o desenvolvimento de vacinas e tratamento contra a Covid-19 que estejam à disposição de todos os povos sem exceção, “nós prevaleceremos através da unidade nacional e da solidariedade mundial. O antídoto para este vírus é a unidade nacional e a solidariedade mundial. O antídoto para este vírus é o espírito humano”.
O Dr. Tedros fez ainda questão de prestar uma homenagem ao primeiro-ministro britânico Boris Johnson, ele mesmo um sobrevivente da Covid-19, e que participou da conferência encabeçada pela OMS, lembrando as palavras dele: “nós estamos nisto juntos, e juntos vamos prevalecer”.