A Benção, Madrinha!

EDUARDO AZEREDO COSTA*

“Não tenho a menor ideia de qual santa se tratava. Mas que sumiu, sumiu. O bilhete era claro nesse ponto.

Vou direto ao fio da meada que desenrolei. Pois se era na Bahia, devia ter sido roubada de uma daquelas igrejas com os santos e santas cobertas em ouro. Elementar meu caro General! – falei para mim mesmo. Tem muito colecionador de arte sacra por aí. Não entendo bem por que, acho melhor colecionar armas, precisas, que jamais falham e que fizeram a história do mundo, mas vá lá, na Bahia tudo pode, uma verdadeira bagunça, até governador do pt aparece lá… Fez-se a luz: roubalheira!”

“Ato contínuo, pedi informação à ASNIN se havia alguma santa roubada de igrejas da Bahia. Em três dias, o serviço de informação paralelo, descartou a possível participação da famíglia, o que deixa sempre a gente mais seguro para investigar. Mas nenhum registro policial havia sobre roubo de santos. Não sabia o que pensar. (…) Para minha sorte, consegui falar ao telefone com o Clouseau. Ele é versado em estratagemas para parecer falso o que é verdadeiro e vice-versa. Quando contei para ele, riu de mim.”

‘– Meu caro general, a santa que sumiu, era Santa Bárbara, e não foi roubada, ela deixou o andor e foi pular Carnaval atrás do trio elétrico, naquele empurra-empurra. Sabiamente usava uma máscara.’

‘- Como sei disso? – Contou-me o grande amigo Amado, de alta reputação, que a santa tinha uma dívida com um grande e jovem goleador do Bahia, não está claro se era o Claúdio Adão, o Uéslei ou o Marcelo Ramos. Fez o cara sofrer muito, lá no final da década de 1970, início dos anos 80. – Segundo ele, a Santa veio para a Bahia, curou o sofrimento do cara e, no recôncavo, pegou um saveiro e sumiu de novo.’

‘- Deduzo, mon Gèneral que ela tenha perdido a santidade, no critério católico. Mas, mon chèr ami Amado, disse que passou a ser chamada a ‘dos trovões’ (nome atribuído aos sons dos urros de felicidade do notável e, até então, resignado goleador).’ Consta que nos terreiros da Bahia, consagrou-se como Iansã.’

‘– Ah, uma coisa mais, falam também que ela foi ver o desfile das campeãs no Rio de Janeiro. Mas depois disso, tudo é mistério.’

“Será que o Clouseau acredita em toda essa história? Pensei. Bem o que me interessa é que a Santa deve estar no Rio. Isso faz todo o sentido. Como não queriam que eu a encontrasse, vivesse essa graça… Sou um homem de fé! Vou dar uma volta no Clouseau: – Meu amigo Inspetor, uma última questão relacionada ao caso, de importância para o seu encerramento: – Ela poderia ter trazido o Coronavirus para o Brasil?”

‘- Se ela levou ou pegou a doença da falta de fôlego, mon ami, não é do meu conhecimento. De fato, ficaria muito surpreso. Toda essa história perderia o sentido. Iansãs não adoecem, e tem uma que dá proteção para doenças. É Omulu. Se agora que o Carnaval já passou você a encontrar vestida de baiana e de máscara é OMULU, protetora das epidemias. Onde ela aparece ninguém adoece. Mamão com açúcar, mon Gèneral! Vá em frente no seu caso!’

“- Au revoir Inspector!” me despedi à altura!”

“Relatei a importância desse caso para que a ASNIN leve de inteiro teor ao Comandante-em-Chefe. – Porra! Alguém está escondendo a santa que protege contra a COVID-19? Imagina se ela dá a benção para a nitroxiclorosena?”

Gal. Costa Leve – 03/06/2020.”

* Eduardo Azeredo Costa é médico sanitarista e tem escrito como alterego do “general Costa Leve” obviamente numa sátira ao fato de o ministério da Saúde ser chefiado por um general que nem sequer é médico.

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