O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim (Chorão), avalia que o governo falhou mais uma vez em não encarar a alta dos combustíveis e adotar medida que apenas joga o problema para frente, com propostas “tabajaras”, visando apenas as eleições de outubro.
“Muitas especialistas afirmam que esse problema tem soluções viáveis, mas está claro que essa não é a prioridade, o que vemos é um governo desesperado”, diz o líder caminhoneiro.
Por meio de nota, a Abrava criticou a medida do governo para tentar conter a alta dos combustíveis de fixar em 17% o ICMS cobrado pelos Estados, aprovada na segunda-feira (13) no Senado.
Segundo a entidade, a medida deve ter efeito apenas temporário e pode não ter qualquer efeito sobre o preço praticado na bomba.
“Sabemos que a Petrobrás deve anunciar novos aumentos para a gasolina e para o diesel, respectivamente, 17% e 16%, em breve. Dois ou três aumentos consumirão toda redução que se pretende fazer por meio dos tributos, correndo o risco de os litros desses combustíveis ficarem ainda mais caros do que é hoje, em pouco tempo, mesmo considerando as cargas tributárias atuais”, alegou Chorão.
“Pesa ainda o fato de que não se pode precisar se, na ponta da cadeia, ou seja, nos postos de combustíveis, essa redução será realizada na sua plenitude”, questionou Chorão na nota.
Para a Abrava, “o governo se acomodou e por ironia do destino o ministro apelidado de posto Ipiranga, que deveria resolver esse problema, é o grande culpado desse caos, e hoje chegamos neste ponto crítico, sendo que ainda temos sérios riscos de falta de combustível”.
Wallace Landim voltou a criticar a política de preços da Petrobrás, baseada na variação internacional do preço do petróleo, e não descartou a paralisação da categoria.
“De uma forma ou de outra, mantendo-se essa política cruel de preços da Petrobrás, sem a garantia que o caminhoneiro autônomo tenha suas despesas de viagem integralmente ressarcidas, a categoria vai parar. Se não for por greve, será pelo fato de se pagar para trabalhar. A greve é o mais provável e não demora muito”, disse.
Segundo Chorão, a situação é ainda mais grave para os autônomos. “A verdade é que o caminhoneiro autônomo, ou seja, uma simples pessoa física, por não ter a chance de participar das negociações dos fretes entre empresas de transporte e embarcadores, e de não participar das negociações entre compradores e vendedores de mercadorias, acaba ficando refém dessas negociações, além de não ter sozinho força suficiente para interferir nesses contratos, quase todos, de caráter sigiloso”, frisou.