Manejando o cobertor da incompetência e descaso que tem sido o seu governo, Bolsonaro agora quer “despir um santo pra cobrir o outro”, como diz a velha expressão popular, ao planejar acabar com o abono salarial do PIS/Paseb para viabilizar o pagamento do Bolsa Família de R$300.
Pressionado pela sociedade, que cobra uma solução para as milhões de famílias em situação de extrema pobreza que passam fome no país, e frente à impopularidade do seu governo que toma conta do país, a solução encontrada pela equipe econômica de Bolsonaro até agora, para aumentar o valor e o número de beneficiados do Bolsa Família, é tirar verba de um benefício social para cobrir outro.
A informação de que o presidente “não só cogita eliminar o abono salarial, como já autorizou os estudos preliminares para encerramento do benefício” foi divulgada pelo UOL.
Segundo a reportagem do portal de notícias, “o Ministério da Cidadania teria apresentado a proposta a Bolsonaro, garantindo que com o fim do abono salarial seria possível aumentar a verba do Bolsa Família em cerca de R$ 20 bilhões, que somados aos já estabelecidos R$ 35 bilhões garantiriam a viabilidade do aumento pago pelo programa”.
O abono salarial, que atualmente beneficia mais de 25 milhões de trabalhadores, permite a liberação de até um salário mínimo para os que têm carteira assinada e renda mensal máxima de até dois salários.
Em nota, divulgada nesta quinta-feira (17), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) repudiou a medida, afirmando que é “uma iniciativa perversa, que tira de quem necessita para repassar a outros necessitados. Bolsonaro apresenta a proposta cinicamente como se não existisse outra alternativa. Mas isto não corresponde à realidade”.
A central ressalta que existem ações como a “taxação das remessas de lucros e dividendos ao exterior, restringindo esta forma de sangria de investimentos internos pelas multinacionais”, além de outras medidas que podem garantir a ampliação de programas sociais.
“Bolsonaro e o banqueiro Paulo Guedes não escolhem este caminho por uma questão de classes. Eles servem com canina fidelidade os interesses das classes dominantes brasileiras e do imperialismo, portam-se como sabujos das multinacionais dos EUA e Europa, a quem empenham-se agora em entregar empresas estratégicas como a Eletrobrás”.
“O abono salarial do PIS/PASEP ameniza a pobreza e as agruras da nossa classe trabalhadora. Beneficia cerca de 23 milhões de pessoas, que recebem em média 1,4 salários mínimos, com um valor modesto que alcança, no máximo, um salário mínimo por ano. Esse contingente de beneficiários representa mais de um terço de todos os trabalhadores e trabalhadoras com empregos formais no país”.
“O benefício reduz as desigualdades de rendimentos no interior da classe trabalhadora e, ao aumentar o poder aquisitivo dos assalariados, fortalece o mercado interno e contribui para o crescimento da economia”.
“A CTB é radicalmente contra esta proposta reacionária do governo Bolsonaro e reafirma a luta pela mudança da política econômica, a interrupção do programa de privatizações, o aumento substancial dos investimentos públicos, a revogação da EC 95 e das reformas trabalhista e previdenciária, auxílio emergencial de R$ 600,00, vacina já para todo o povo brasileiro, emprego e desenvolvimento econômico”, conclui a nota.