Em reunião realizada nesta terça-feira (17), em São Paulo, as centrais sindicais definiram a luta contra a carestia e em defesa da democracia como as principais pautas do movimento sindical brasileiro no próximo período.
A decisão das centrais vai ao encontro do movimento de diversas entidades de moradia, associações de bairro, sindicatos, entidades femininas, da negritude, estudantis e lideranças partidárias que já se levantam diante da grave situação enfrentada pela grande maioria das famílias brasileiras e da completa omissão do governo em enfrentar o caos social.
Em nota divulgada hoje, as entidades apontam que a luta contra “as carências da classe trabalhadora em meio a uma conjuntura marcada pela carestia, aumento da fome e da pobreza, aumento da inflação, redução da renda e alta taxa de desemprego” é o que deve nortear as centrais sindicais neste momento.
O manifesto é assinado por Sérgio Nobre, Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Miguel Torres, Presidente da Força Sindical, Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Adilson Araújo, Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Oswaldo Augusto de Barros, Presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores, Nilza Pereira, Secretária Geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora e José Gozze, Presidente da Pública Central do Servidor.
As entidades afirmam que além de não resolver a crise do país, “o governo ainda cria problemas de outra ordem, ameaçando, frequentemente, a estabilidade da democracia brasileira e o retorno do golpismo e da ditadura”.
“O governo até agora, depois de mais de três anos no poder, não apresentou nenhuma política consistente de desenvolvimento e geração de empregos. Ao contrário, implementa uma gestão voltada ao receituário de privatizações, cortes orçamentários e aumento da taxa de juros”, afirmam as centrais.
De acordo com Ubiraci Dantas, vice-presidente da CTB, “discutimos a gravidade da situação do país, com a fome, o desemprego, inflação, preços insustentáveis da cesta básica, dos combustíveis. Tudo uma desgraça por responsabilidade do Bolsonaro. Avaliamos que é preciso ir às ruas para defender o nosso povo dessa tragédia. Vamos fazer atos por todo o Brasil e um ato nacional em São Paulo, trazendo todo mundo, ABI, OAB, sindicatos, uma ampla participação de entidades nacionais. A luta contra a carestia é uma luta urgente, porque a população está passando fome, e fome é morte”, afirmou.
DEMOCRACIA
As centrais também convocam os trabalhadores a ampliarem “a resistência sobre as investidas aos direitos trabalhistas no legislativo e judiciário”, o apoio ao processo eleitoral em outubro, e o fortalecimento das campanhas salariais das diversas categorias como uma forma de luta unitária contra a carestia.
“Está mais do que na hora de dar um basta! Por isso, convocamos todas as instituições democráticas a se unirem pela melhoria das condições da população, na defesa da democracia e contra o golpismo, convocando atos nacionais, regionais e locais contra a carestia, a miséria, o desemprego e a defesa da democracia”.
“Esperamos com tais ações e mobilizações suscitar o debate entre a população acerca da necessidade de mudança da atual rota política e econômica que só beneficia os mais ricos e de apoiar um projeto de desenvolvimento econômico baseado na industrialização, geração de empregos de qualidade, valorização do salário mínimo e da renda do trabalhador, justiça social e soberania”, afirmam as centrais.