De 40 acordos coletivos firmados em estatais controladas pela governo federal, entre janeiro de 2017 e junho de 2018, dois terços dos acordos tiveram reajustes salariais iguais ou inferiores ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), segundo levantamento realizado pela Secretaria de Coordenação e Governança das Estatais (Sest), a pedido do Valor.
A sondagem da Sest apontou que no segundo semestre do ano passado ocorreram acordos cujo reajuste foi zero, caso dos trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Pré-sal Petróleo (PPSA) e Empresa Gestora de Ativos (Emgea). De 40 acordos coletivos firmados desde o início do ano passado, 27 ficaram com reajustes capazes, no máximo, de repor a inflação acumulada em 12 meses.
A equipe econômica de Temer não tem medido esforços para desmantelar os serviços públicos, através do rebaixamento salarial dos servidores, plano de demissões voluntárias (PDV) – sem reposição de quadros, terceirização, cortes de despesas e privatização.
No final do mês passado, Temer atacou mais uma vez o funcionalismo ao editar uma Medida Provisória (MP 849/2018) que adiou o pagamento da segunda parcela do reajuste dos servidores públicos federais do próximo ano para 2020. O reajuste dos servidores da administração pública federal, aprovado em lei, faz parte de um acordo firmado entre o governo e os servidores federais em 2015, cuja negociação resultou no pagamento do reajuste em duas parcelas para serem pagas: uma em 2016 e a outra no ano de 2019.
Temer, que havia anunciado que não adiaria a última parcela da reposição salarial dos servidores, mudou de ideia e publicou a medida, que agora passará por aprovação na Câmara e no Senado. Os reajustes previstos na segunda parcela variam entre 4,50% a 6,5%.
A primeira parcela dos reajustes só foi concedida aos servidores na justiça. No ano passado, Temer também editou uma MP para postergar o reajuste dos servidores federais, entretanto, em dezembro, o ministro do STF Ricardo Lewandowski suspendeu essa MP por meio de uma liminar.