Após Jair Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusarem o Ibama de cometer “irregularidades” em contratos, a Presidente da autarquia, Suely Araújo, afirmou que ambos desconhecem a “magnitude do Ibama e suas funções” e pediu exoneração do cargo.
Ricardo Salles foi, há um mês, condenado por improbidade administrativa por ter fraudado mapas do plano de manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, em favor de projetos imobiliários. Mesmo assim, junto de seu presidente, acusou o Ibama de irregularidades em contratos.
No domingo (6), Ricardo publicou em seu Twitter uma imagem de um contrato de R$ 28,7 milhões para locação de carros pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Na legenda da imagem insinuou ser dinheiro demais: “quase 30 milhões de reais em aluguel de carros, só para o IBAMA…”. O presidente eleito compartilhou a imagem e continuou: “Estamos em ritmo acelerado, desmontando rapidamente montanhas de irregularidades e situações anormais que estão sendo e serão COMPROVADAS e EXPOSTAS. A certeza é; havia todo um sistema formado para principalmente violentar financeiramente o brasileiro sem a menor preocupação!”. Poucos minutos depois, Bolsonaro apagou seu comentário.
Porém, Suely esclareceu a situação e disse que “a acusação sem fundamento evidencia completo desconhecimento da magnitude o Ibama e de suas funções”.
“O valor estimado inicialmente para esse contrato era bastante superior ao obtido no fim do processo licitatório, que observou com rigor todas as exigências legais e foi aprovado pelo TCU [Tribunal de Contas da União] . Os valores relativos aos veículos para fiscalização na Amazônia são custeados pelo Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES. A presidência do Ibama refuta com veemência qualquer insinuação de irregularidade na contratação. Espera, por fim, que o novo governo dedique toda a atenção necessária às importantes tarefas a cargo do Ibama, e não a criar obstáculos à atuação da Autarquia”, disse em nota.
Ainda segundo Suely, o contrato vale para as 27 unidades da Federação, além de incluir gastos com “combustível, manutenção e seguro, com substituição [dos veículos] a cada dois anos”.
Hoje, um dia depois desta discussão, Suely pediu exoneração da Presidência do Ibama. “Considerando que a indicação do futuro presidente do Ibama, Sr. Eduardo Bim, já foi amplamente divulgada na imprensa e internamente na Instituição ainda em 2018, antes mesmo do início do novo Governo, entendo pertinente o meu afastamento do cargo permitindo assim que a nova gestão assuma a condução dos processos internos desta Autarquia”, afirma no pedido de demissão.