“Vem só agora para cá, depois de 19 dias vem pra Macapá. Falta de respeito com a sociedade amapaense”, diz um cidadão na chegada do presidente no aeroporto da cidade
Após 19 dias de apagões, Jair Bolsonaro viajou para Macapá (AP) e a população se manifestou chamando-o de “miliciano”, “genocida” e “racista” e gritando “fora Bolsonaro” no aeroporto e nas ruas da cidade.
A visita de Bolsonaro não foi para ajudar a resolver o grave problema que vive a capital do Amapá e diversas outras cidades do estado, mas apenas uma tentativa de autopromoção fracassada.
Diversos vídeos mostram que logo na saída do aeroporto os xingamentos contra ele começaram. Um amapaense pede várias vezes “fora Bolsonaro” e diz que ele “vem só agora para cá, depois de 15 dias, depois de 19 dias vem pra Macapá. Falta de respeito com a sociedade amapaense”.
O vídeo mostra ainda pessoas gritando “seu facista”, “seu racista” e “genocida”.
Mais tarde, Bolsonaro desfilou pelas ruas da cidade pendurado na porta aberta de um carro com um segurança atrás dele segurando a porta do carro. A prática é uma infração de trânsito grave. A população, que estava na calçada, gritava “fora Bolsonaro” e o chamava de “filho da puta”.
Jair Bolsonaro publicou em suas redes sociais um vídeo no qual está apertando o botão para ligar as subestações de energia e partes de seu trajeto pendurado no carro. Ele cortou da gravação todas as partes em que a população o xingava.
O Amapá tem sofrido com apagões desde o dia 3 de novembro, quando queimou o principal transformador da região por causa do descaso da multinacional espanhola Isolux, que controla a rede desde 2008. A proposta do governo é privatizar a Eletrobrás, ou seja, quer levar o caos do Amapá para todo o país.
Para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), “se o presidente da República respeitasse o povo do Amapá iria lá para resolver o grave problema da energia, não para fazer exóticas e irresponsáveis performances pendurado em porta de automóvel”.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), respondeu ao comentário de Dino. “É isso, amigo. Não há respeito ou qualquer humanidade por parte do Governo em relação ao povo amapaense. Além do show de horrores que ele veio protagonizar sem resolver nada, recorreu para não pagar auxílio emergencial aos atingidos”, denunciou.
“Os verdadeiros heróis dessa tragédia são os trabalhadores da Eletronorte e da CEA. Faço coro com eles quando questionam: que tipo de empresa privada estaria disposta a corrigir problemas que não são dela?”, questionou.
“É um equívoco sem precedentes privatizar a Eletrobrás. Adianto que os trabalhadores podem contar com nosso apoio para que a Eletrobrás continue sendo um valioso bem do nosso Estado”, concluiu.