O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) realizou uma vigília online em homenagem ao ex-deputado federal e constituinte Haroldo Lima, histórico dirigente da legenda, que faleceu, aos 81 anos, na madrugada da quarta-feira (24), vítima de Covid-19.
No mesmo dia, o país atingiu a triste marca de 300 mil mortos pelo coronavírus.
Milhares de pessoas assistiram à emocionante live, que contou com mensagens de lideranças do PCdoB e de outros partidos, todos, solidários com a família, prestaram sensíveis homenagens à trajetória de Haroldo.
O primeiro discurso transmitido foi o de Renato Rabelo, ex-presidente do partido e amigo próximo de Haroldo Lima. Atualmente, Rabelo é presidente da Fundação Maurício Grabois.
“Haroldo era uma fonte fértil de ideias, de pensamento revolucionário, de ímpeto contra as injustiças, a exploração e a dominação do nosso povo. Reunia talento, sabedoria, história, luta, experiência. Haroldo reunia gigantesca convicção do nosso grandioso ideal civilizatório: o socialismo e o comunismo”, afirmou Rabelo.
A presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, disse que “Haroldo Lima é uma pessoa ímpar e que fará muita falta nesse momento tão agudo em que estamos atravessando. É uma daquelas pessoas insubstituíveis, que nós precisamos o tempo todo para fazer as reflexões necessárias”.
Ele “carregava a esperança como uma variável permanente e nos momentos mais adversos, era como nos dissesse ‘levanta, vamos em frente’. Em um dia como hoje, é mais difícil, mas nós vamos levantar e seguir a honra de sua trajetória. Haroldo Lima presente”, completou.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), expressou “gratidão por tudo aquilo que Haroldo representou e representa para várias gerações de patriotas e lutadores pela democracia no Brasil”.
“Em sua longa vida pública, sempre deixou uma memória de seriedade, de responsabilidade, de estudo e de compromisso com a defesa de nossa soberania e com a defesa dos mais pobres”.
“Haroldo Lima é eterno porque sua lembrança está no nosso coração”, completou o governador.
Davidson Magalhães, presidente do PCdoB na Bahia, Estado natal de Haroldo, disse que “estamos aqui para dizer da importância e fazer uma homenagem à memória de Haroldo Lima. Deixou de bater um dos corações mais generosos e íntegros com que convivi nos meus 40 anos de vida política”.
“A memória e a trajetória de Haroldo serão sempre um guia para o nosso trabalho e nossa atuação”, garantiu.
Aldo Arantes, que também é uma grande liderança no PCdoB, ex-presidente da UNE, lembrou de alguns momentos em que caminhou junto com Haroldo Lima. “Juntos pela posse de João Goulart, pela criação da Ação Popular, na clandestinidade, prisão e tortura, juntos pela incorporação da Ação Popular ao PCdoB, juntos na luta contra a ditadura militar, contra os atos de exceção e pela Constituinte, juntos pela Diretas Já, juntos na atividade parlamentar”.
“Haroldo era um nacionalista convicto”, pontuou.
Companheiro de Haroldo Lima na Constituinte de 1988, Uldurico Pinto disse que ele é um “exemplo de luta em nosso país. Nossa Nação está de parabéns por ter um filho como Haroldo Lima”.
Os deputados da bancada do PCdoB na Câmara também fizeram falas emocionadas sobre a partida de Haroldo Lima. O líder da bancada, Renildo Calheiros, recitou o poema que fez em sua homenagem.
Pronunciamento do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ):
Orlando Silva, que fez um discurso homenageando Haroldo Lima na Câmara dos Deputados, disse que ele “sempre se destacou” em sua atuação como liderança estudantil, partidária e como parlamentar .
A deputada Alice Portugal disse que “perder Haroldo Lima é perder um pedaço de nós todos”.
Alice enfatizou que, mesmo aos 81 anos, Haroldo Lima participava de diversas reuniões virtuais, seminários e lives. “Perdemos Haroldo e estamos perdendo milhares de brasileiros para o vírus, para a irresponsabilidade de um governo genocida, fascista. Vamos honrar Haroldo e seus ensinamentos”.
Para Jandira Feghali (PCdoB-RJ), “além de ser um grande homem da política, grande dirigente, grande formulador, Haroldo era um querido amigo, solidário, afetuoso, sempre presente, com um abraço sempre acolhedor”.
“Ele sempre será uma luz para nós, e nós vamos nos agarrar a essa luz. Vamos lutar contra esse inimigo invisível que é sustentado por um inimigo visível”, sentenciou a parlamentar.
A ex-deputada Manuela D’Ávila disse que “o que Haroldo quer de todos nós, comunistas, é o compromisso de seguirmos lutando. A nossa luta em defesa da democracia, da soberania nacional e do nosso povo segue”.
Lideranças de outros partidos também participaram da homenagem. A ex-presidente Dilma Rousseff disse que a morte de Haroldo é “uma perda irreparável para o nosso país. Ele dedicou toda a sua vida à melhor das causas”.
Jaques Wagner, senador, ex-ministro e ex-governador da Bahia, afirmou que “Haroldo vai fazer muita falta a todos nós que estamos em uma longa caminhada para fazer um Brasil mais justo socialmente, onde não veremos tanta exclusão, tanta violência produzida por um modelo econômico que só empobrece as pessoas”.
A deputada Lídice da Mata (PSB-BA), que o conheceu na luta pela anistia, saudou Haroldo e disse que ele foi um “grande formador de jovens e líderes para a defesa da liberdade e do Brasil. Haroldo foi mais do que um companheiro político, foi um amigo”.
José Carlos Salles, reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), afirmou que “Haroldo é uma figura singular, um personagem de livro de história, uma lenda. Um grande líder comunista cuja palavra provocava em todos uma reverência e um respeito”.
PEDRO BIANCO
Mensagem de Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco e presidente nacional do PCdoB:
Haroldo Lima, presente!, por Luciana Santos
Haroldo Lima era um gigante, dessas pessoas que a gente pensa que nunca vão morrer. E não vão mesmo, porque ficam um pouco na gente.
Haroldo era um esteio fundamental na luta por democracia e justiça social, sobretudo num momento tão duro da vida do Brasil e do PCdoB, que amanhã completará 99 anos.
Sempre me impressionou nele a força com que defendia suas convicções. Um personagem da nossa história coletiva e de minha história particular.
Alguém que conseguia aliar acúmulo teórico, capacidade de aplicar esse conhecimento à realidade concreta e um potencial de agitação e convencimento imensurável.
Um homem muito sagaz. Haroldo tinha uma força interior enorme, associada a uma generosidade e afetuosidade maiores ainda. Por tudo isso, é tão violenta a dor de sua partida.
Uma das muitas lições que ele nos deixa é a fé no que virá. Haroldo carregava a esperança como uma variável permanente.
E, nos momentos mais adversos, era como se nos dissesse: levanta, vamos em frente! Num dia como hoje, é mais difícil.
Mas vamos levantar, seguir e honrar sua trajetória.
Haroldo Lima, presente!
Íntegra do artigo de Renato Rabelo, presidente da Fundação Maurício Grabois em homenagem a Haroldo:
Haroldo, Vive!
Faleceu o nosso bravo e insigne camarada, Haroldo Lima.
O impacto, para mim, foi como um tufão, que cobre os mares. Haroldo era uma fonte fértil de ideias, de pensamento revolucionário, de ímpeto contra as injustiças, a exploração e dominação do nosso povo e dos povos do mundo.
Haroldo não era para nos deixar nesta hora. A nossa Nação, o nosso povo vive um pesado retrocesso. Haroldo deixa enorme vazio. Reunia talento, sabedoria, história, luta e experiência. Haroldo reunia gigantesca convicção do nosso grandioso ideal civilizatório – o socialismo e o comunismo.
Não consigo assimilar que o nosso grande camarada nos deixou. Ele era um grande esteio do Partido. Convivi com ele na luta e na amizade, nos revezes e nas vitórias, combatendo na mesma trincheira em mais de meio século.
Em 1965, logo após o golpe militar de 64, ingressei na Ação Popular. Quem era o líder dessa organização na Bahia? Haroldo Lima! Com sua imensa convicção e vibração, numa reunião com os estudantes universitários, eu terceiranista de medicina, ele me convenceu e aos demais, indicando-me candidato à presidência da UEB. Ganhamos o pleito.
Eu dava os primeiros passos de uma extensa trajetória política, sempre ao lado de Haroldo. Daí em diante, em todos os momentos culminantes de nossa história, estava ladeado com Haroldo.
Foi assim no pertinaz debate teórico-ideológico e político no seio da AP para transformá-la em um partido político com base no marxismo, no leninismo e nos revolucionários marxistas; na mobilização e na condução da AP, junto com Aldo Arantes, afim da integração ao Partido Comunista do Brasil; junto conosco estava Haroldo, já na direção do PCdoB, no trabalho intenso, em plena ditadura militar, para o apoio político e material à resistência armada do Araguaia; da minha volta do exilio na França, lá estava Haroldo no aeroporto me recepcionando; Haroldo estava junto conosco na dura e difícil missão de reestruturar PCdoB, após o fim do regime militar quando o Partido perdeu grandes quadros assassinados pela ditadura; em todo trabalho de edificar o PCdoB, nucleado por Amazonas, e sobretudo nos momentos de apostasias, após o fim a União Soviética estávamos junto com Haroldo; o trabalho protagonista de Haroldo na Constituinte de 1988, ao lado de Amazonas e da nossa direção do partido.
Para não me estender, muito ainda teria a dizer, este é um primeiro depoimento em homenagem a Haroldo, ainda em meio ao forte impacto do seu falecimento. Mas, ainda quero assinalar um momento decisivo da minha companhia com Haroldo.
Após a morte do nosso inesquecível João Amazonas, quando eu tive que ocupar o lugar da presidência do PCdoB, deixada pelo extraordinário e histórico dirigente João Amazonas; encontrei em Haroldo Lima o apoio e a ajuda sem par, para executar esta decisiva e mais importante tarefa de minha vida política. Em um momento tão especial e difícil, Haroldo foi uma referência e forte estímulo para o êxito dessa enorme tarefa.
Haroldo deixa vasta memória, enorme legado nos seus belos e combativos pronunciamentos, nos seus textos vibrantes, e em muitos com a linguagem poética, em artigos e ensaios e na sua prática entusiasta e consequente.
Sua memória, seu legado e seu exemplo nos fortalece, nos enche de maior ânimo para seguir o combate de transformar o Brasil, principalmente nesta quadra, de seguir o caminho da sua ampla emancipação como Nação, no rumo do socialismo.
Quero transmitir a Solange, sua companheira em toda a vida com Haroldo e a toda sua família meus sentimentos de profundos pêsames.
Haroldo, você está presente. Você vive em todas nossas conquistas, dos trabalhadores do povo brasileiro.
Íntegra do artigo de Aldo Arantes, ex-presidente da UNE, dirigente do PCdoB e coordenador Nacional da ADJC (Movimento de Advogados e Advogadas pela Democracia, Justiça e Cidadania) em homenagem a Haroldo:
Haroldo Lima – meu amigo irmão, por Aldo Arantes
Foi com muita emoção que recebi a triste notícia! Haroldo era uma pessoa alegre, solidária, combativa e corajosa. Intelectualmente preparado, era um nacionalista convicto, lutador pela democracia e pelo socialismo.
Diante de sua perda, fico a relembrar os momentos que partilhamos em nossas vidas. Foram vidas gêmeas!
Juntos na luta pela posse de João Goulart. Eu em Porto Alegre, Haroldo em Salvador.
Juntos na criação de Ação Popular (AP). Após minha expulsão da Juventude Universitária Católica (JUC) um grupo de dirigentes da entidade, entre os quais Haroldo e eu, resolvemos criar Ação Popular, organização política revolucionária, sem vínculos com a igreja católica.
Juntos na clandestinidade, onde atuávamos como dirigentes de AP. Em viagem para a fazenda Espinho da família do Haroldo, perto de Guanambi, eu que mal sabia dirigir, estava no volante do seu Jeep. A região tinha fortes elevações e discutíamos acaloradamente sobre a situação do país. Até hoje não sei como não houve um grave acidente.
Juntos na reunião da “Queda da Lapa” onde foram assassinados Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drummond e presos Elza Monnerat, Haroldo, Wladimir Pomar e eu. Na prisão me comunicava com Haroldo assobiando a internacional comunista. Após o período das torturas, estudávamos juntos, fazíamos pirogravura e escrevemos o livro “História de Ação Popular – da JUC ao PCdoB”. Perante o tribunal militar, em São Paulo, denunciamos as torturas a que fomos vítimas.
Juntos na luta pela incorporação de AP ao PCdoB. Fui à China para comunicar ao Partido Comunista da China a incorporação de AP ao PCdoB. Haroldo e Renato Rabelo fizeram o contato com João Amazonas e Pedro Pomar para informá-los sobre a decisão.
Juntos na luta contra a ditadura militar. Já no Comitê Central do PCdoB participamos da reunião que decidiu a tática de luta contra a ditadura militar, em torno das três bandeiras: Anistia ampla, geral e irrestrita; abolição de todos os atos e leis de exceção e convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte livremente eleita.
Juntos na luta pelas Diretas Já. Quando retornávamos de Maceió, após o enterro do Senador Teotônio Vilela, em novembro de 1983, sugerimos ao então governador de São Paulo, Franco Montoro, a realização de um comício pelas Diretas Já, na capital paulista. O ato se realizou com a participação de mais de 500 mil pessoas.
Haroldo Lima e Aldo Arantes, com José Genoíno ao seu lado, na Assembleia Nacional Constituinte de 1987/1988 l Foto: Acervo da Fundação Maurício Grabois.
Juntos na atividade parlamentar e na Assembleia Nacional Constituinte. Na Constituinte, Haroldo era o líder de nossa bancada e eu líder na Câmara do Deputados. Tivemos momentos de grande confronto com os setores da direita na elaboração da nova Constituição.
Juntos no meu aniversário de 80 anos e no dele. No meu aniversário, Haroldo fez uma manifestação comovente e alegre em que brincava com o fato de estarmos sempre juntos. Ele afirmou “É uma coisa espantosa! Reparem bem” e passou e enumerar os diversos episódios que vivemos juntos. E no final disse “Puxa vida é um negócio terrível!”.
Nossas famílias juntas. Haroldo, Solange, Julieta, Valéria, Leni e Aldo, Dodora, André e Priscila. Na clandestinidade nossos filhos brincavam juntos na casa de Solange e Haroldo.
Enfim foi uma vida vivida com muita intensidade e camaradagem.
Nossa relação era tão profunda que na Câmara dos Deputados às vezes me chamavam de Haroldo e ele de Aldo.
Pouco antes do Haroldo ficar doente falei com ele ao telefone. Na ocasião manifestou sua preocupação em encontrar uma saída para assegurar a presença política do PCdoB no cenário nacional e garantir a superação da clausula de barreira! Propunha iniciativas conjuntas nossas para contribuir com este objetivo.
É um momento de dor e emoção. Lembrar do Haroldo é lembrar do seu entusiasmo, de sua alegria.
Meus mais profundos votos de solidariedade e carinho às queridas Solange, Julieta, Valéria e Leni, bem como à toda sua família. Assim como aos seus amigos e camaradas de partido.
Haroldo fará muita falta! Grande perda para a família, os amigos e para o país.
A maior homenagem que podemos fazer a ele é darmos continuidade à luta pela reconquista da democracia e da soberania nacional e a reconstrução de um país justo e solidário.
Discurso do deputado Renildo Calheiros (PE), líder da bancada do PCdoB na Câmara:
Haroldo Lima sempre presente!, por Renildo Calheiros
O Brasil vive uma tragédia nacional sem precedentes, agravada pela paralisia do governo Bolsonaro diante da pandemia. Hoje devemos chegar à perturbadora marca de 300 mil mortes por coronavírus. Venho à tribuna manifestar profundo pesar e solidariedade a todas as famílias que perderam seus entes queridos.
O dia se tornou ainda mais triste, porque nós do PCdoB perdemos um dos nossos dirigentes históricos mais aguerridos: o ex-deputado federal, Haroldo Lima, que foi líder da nossa Bancada na Constituinte de 1988. Depois de vencer a ditadura militar, ele enfrentou intensa batalha contra o coronavírus, aos 81 anos, e nos deixou na madrugada desta quarta-feira (24).
Ícone de gerações, Haroldo Lima partiu na véspera do aniversário de 99 anos do PCdoB, legenda que ajudou a construir, onde militou com ousadia e coragem para garantir avanços no Brasil nas últimas décadas. Sua trajetória permanecerá viva em nossas mentes e corações. Vou fazer um breve resumo de sua contribuição ao país para prestar uma homenagem a este camarada tão especial.
A defesa da democracia foi uma de suas marcas. Haroldo Lima foi altivo ao resistir à ditadura militar, tendo inclusive sobrevivido à Chacina da Lapa em 1976. Foi preso e torturado. Anistiado político em 1979, participou ativamente da reconstrução democrática.
Porta-voz de ideias progressistas, foi eleito pelo povo baiano como deputado federal por cinco vezes consecutivas a partir de 1982. Teve papel fundamental na edificação de um partido forte em solo baiano, sua terra natal, mas também em nível nacional. Ele nasceu em Caetité em 7 de outubro de 1939.
Engenheiro elétrico de formação, esse militante histórico também atuou em favor da soberania nacional na exploração da riqueza do pré-sal e no fortalecimento da Petrobrás. Destacou-se como diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nos governos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Deixou ainda fértil produção intelectual de artigos, ensaios, livros e vídeos, que nos guiam nas tarefas cotidianas.
O nosso desafio agora é transformar a dor da significativa baixa do campo progressista em luta. O seu legado político estimula que estejamos ainda mais mobilizados em defesa dos interesses dos brasileiros, lutando em favor de vacinas, da economia e da democracia.
Em nome de Haroldo Lima e de todas as famílias que sofrem pela falta de seus parentes, estaremos ainda mais focados no enfrentamento da pandemia, articulando e aprovando medidas concretas no Congresso Nacional para juntos vencermos a Covid-19. Viva, Haroldo Lima! Haroldo Lima sempre presente!