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“Na minha opinião, há fortes indícios de sabotagem de Anderson Torres como um dos principais responsáveis pelo que aconteceu domingo”, diz interventor de segurança pública do DF
O interventor da segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, afirmou que o ex-secretário de Segurança Pública, o bolsonarista Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, demitiu “uma série de pessoas na Secretaria” para sabotar a defesa de Brasília e facilitar a ação dos golpistas.
Logo em seguida, Torres viajou para os Estados Unidos, onde pode ter se encontrado com Jair Bolsonaro.
“Ele exonerou uma série de pessoas na secretaria e viajou. Exonera o comando e viaja. Na minha opinião, há fortes indícios de sabotagem de Anderson Torres como um dos principais responsáveis pelo que aconteceu domingo”, contou Cappelli em entrevista ao jornal O Globo.
“A secretaria estava acéfala no dia 8. Conversei com o chefe de gabinete do secretário anterior e ele me disse que, para a operação do dia 1°, eles viraram noites e noites dentro dessa sala fazendo planos, checando, indo, voltando”.
“Qual foi o planejamento pro dia 8? O secretário sequer estava aqui e exonerou o comando da secretaria. Houve desmonte do comando da secretaria. O secretário viajou por acaso? Essas ações são coincidência? Não me parece”, continuou o interventor.
Anderson Torres foi ministro da Justiça de Jair Bolsonaro até o dia 31 de dezembro e foi indicado para a Segurança do DF pelo governador Ibaneis, afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 2 de janeiro.
Torres pediu férias na primeira semana de trabalho, mas elas só teriam início no dia 9 de janeiro. O então secretário aproveitou o final de semana para viajar mais cedo e estar fora do país durante as ações terroristas na capital federal.
Ele foi para Orlando, nos Estados Unidos, mesma cidade em que está Jair Bolsonaro.
O STF determinou uma operação de busca e apreensão na casa de Anderson Torres e sua prisão, assim que ele voltar ao Brasil, por ter permitido a invasão dos bolsonaristas no Palácio do Planalto, no STF e no Congresso Nacional.
O ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, Fábio Augusto Vieira, foi preso na terça-feira (10) pelo mesmo motivo.
Mesmo sabendo da chegada de milhares de ônibus para ato que pedia um golpe de estado, os dois desmobilizaram as tropas do DF e permitiram que os terroristas entrassem com facilidade no local mais importante da República.
Cappelli contou que “o problema maior” da segurança no domingo (8), “foi a ausência de comando. Tinha um vácuo e isso é grave”.
A Secretaria de Segurança Pública do DF passava para o governo federal informações falsas de que “estava tudo bem, tudo certo, que a manifestação seria tranquila, que as tropas iriam garantir” a segurança.
“Agora tem duas fases: apurar as responsabilidades todas, pois ninguém pode ficar impune e já estamos fazendo isso, e, ao mesmo tempo, restaurar o clima de normalidade no DF, a partir da afirmação do comando das forças de segurança”, completou.
Os bolsonaristas estão organizando novas manifestações em Brasília, mas o interventor Ricardo Cappelli afirmou que “não há hipótese de se repetir nada semelhante aos fatos inaceitáveis que aconteceram no dia 8”.
“Temos o total apoio do efetivo, das corporações, dos homens de segurança do DF, que têm compromisso com a República e com o Estado Democrático de Direito”.
“A mensagem é de tranquilidade e normalidade. Os servidores que estão trabalhando na Esplanada podem continuar trabalhando na máxima tranquilidade porque o comando da segurança pública do DF vai garantir a segurança da capital e da população”, disse.
Segundo Cappelli, “a lei será cumprida. O direito de livre manifestação não se confunde com terrorismo, com atentado às instituições democráticas ou com ataque ao patrimônio público e à democracia”.