A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou ao Ministério da Saúde que não participará da audiência pública convocada pelo governo sobre a vacinação de crianças contra a Covid-19 realizada nesta terça-feira (04). A comunicação foi feita por meio de ofício, enviado hoje, meia hora antes do início da audiência.
No documento enviado ao governo, a agência afirma que já se manifestou a favor da imunização para crianças de 5 a 11 anos, e que a participação de representantes do órgão no evento “não agregaria novos elementos à temática”
No último dia 16 de dezembro, a Anvisa aprovou o uso da vacina do fabricante Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. O governo, no entanto, fez uma consulta pública pela internet e promove hoje esta audiência na sede da Opas (Organização Panamericana de Saúde), em Brasília, para debater o assunto.
A aprovação da Anvisa veio após uma análise técnica criteriosa de dados e estudos clínicos conduzidos pelo laboratório Pfizer, no qual se atestou que a vacina é segura e eficaz para o público infantil”, disse Karin Mendes, chefe de gabinete do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.
No documento enviado ao governo, a Anvisa defende a liberação do imunizante. “Para a avaliação da ampliação da faixa etária dessa vacina, a Agência contou com a consulta e o acompanhamento de um grupo de especialistas em pediatria e imunologia que teve acesso aos dados dos estudos e resultados apresentados pelo laboratório”.
Este grupo de especialistas teve, segundo a Anvisa, representantes da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), da SPBT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).
AUDIÊNCIA
Durante a audiência, representantes do governo tentam minimizar a gravidade da Covid-19 em crianças, relativizando o número de óbitos pela doença nesta faixa etária e desqualificar a vacinação.
O governo Bolsonaro tenta dificultar que pais e mães protejam os seus filhos. Para dificultar a vacinação, foi anunciada a realização de uma enquete na internet para saber a opinião da claque bolsonarista acerca da vacinação, além da exigência de prescrição médica para a vacinação das crianças.
Na audiência, o governo apresentou o resultado de sua enquete para justificar que a vacinação não deve ser obrigatória.
“Devemos retirar a cabeça do buraco de avestruz onde só vê vacina e vamos olhar quais são as circunstâncias atuais do Brasil”, defendeu o médico Roberto Zeballos, indicado pelo governo para participar da audiência.
Ao criticar a vacinação ele defendeu que “estamos usando uma solução para um problema do futuro”.
O médico que ficou conhecido por ser um dos principais porta-vozes da chamada imunidade de rebanho voltou a defender o contágio da população. “Pagamos um preço caríssimo, mas a cepa Gama imunizou muita gente, isso é imunidade adquirida”, defendeu Zeballos durante a audiência.
Em sua fala, Zeballos chegou a dizer que a cepa ômicron do coronavírus, que causa alerta em todo o mundo pelo seu alto índice de contágio e pode não ser coberta pelas vacinas atuais foi “enviada por Deus”.