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Um novo apagão no fornecimento de energia elétrica ocorreu, na madrugada de sábado (19), na região metropolitana de Fortaleza. A falta de energia durou cerca de uma hora e meia, e o serviço começou a ser restabelecido por volta das 6h da manhã.
A falta de energia provocou transtornos no trânsito, semáforos ficaram desligados gerando engarrafamento de veículos em diversos bairros da capital cearense.
De acordo com a Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia no Ceará, a interrupção foi provocada pelo desarme da linha de transmissão da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobrás. Em função da oscilação da rede, o sistema foi desligado, segundo a Enel.
Em nota, a Eletrobrás declarou que a falha foi provocada na parte da linha compartilhada que pertence à Enel. “O problema ocorreu no setor de 69kV, portanto, sob responsabilidade da Enel Ceará”, declarou a companhia.
Essa semana, outro apagão atingiu os moradores de Fortaleza e de grande parte do país. De acordo com apurações preliminares, a falha no fornecimento de energia ocorreu em uma linha localizada em Quixadá, no Ceará. A linha pertence à Chesf.
CPI
Em meio ao mal serviço prestado pela italiana Enel, uma Comissão Parlamentar de inquérito foi instaurada na Assembleia Legislativa do Ceará para investigar a queda na qualidade de serviços prestados pela. A CPI foi protocolada no dia 28 de fevereiro deste ano, após quase 24 meses de debate e iniciou os trabalhos no ultimo dia 10.
O documento que levou a instauração da CPI contou com a assinatura de todos os 46 deputados, e, por este motivo, a iniciativa marcou a primeira CPI unânime na Casa.
De acordo com o presidente do comitê, o deputado Fernando Santana (PT), a comissão tem por objetivo analisar a conduta da Enel, e não vai atuar como uma “caça às bruxas”. “Essa comissão não vai fazer nenhum tipo de caça às bruxas, essa comissão vai investigar, apurar as centenas de milhares de denúncias e reclamações que nós temos”, disse.
Desde a fundação da CPI, Santana sustenta o argumento de que a Enel precisa ser investigada, uma vez que as denúncias apontam que a empresa não está utilizando os recursos financeiros na extensão da rede.
Órgãos públicos, empresas e consumidores no geral são os responsáveis pelas queixas. “Antes de ela (Enel) se mudar, nós precisamos investigar essa empresa. Saber para onde está indo este dinheiro, saber porque ela não está investindo na extensão de rede, saber porque tantas reclamações de cortes indevidos”, afirmou o deputado à época da protocolização da CPI.
O presidente da comissão alegou que, após a instalação da CPI, a Enel argumentou que deseja vender os ativos no Estado. A informação está publicada no Plano Estratégico da Enel para o período 2023-2025 apresentado para investidores em Milão, com transmissão online.
“Depois que esta casa, a Assembleia Legislativa, começou a reverberar o sentimento da população, a Enel começou a dizer que ia vender os seus ativos”, alegou.
“Qual o intuito de sair do Ceará? Como ela justifica o aumento da tarifa alta? Como ela justifica a falta de investimentos? Como ela justifica essas centenas de milhares de denúncias e reclamações sendo que ela nunca nem chegou perto do vermelho? A lucratividade dela é absoluta”, acrescentou.
Santana afirmou que alguns municípios enfrentam problemas resultantes da redução na qualidade do serviço. Muitos alegam não conseguir realizar inaugurações de escolas e postos de saúde, por exemplo. No entanto, ele afirma ser necessário ouvir os depoimentos.
“Os 184 prefeitos do Estado do Ceará reclamam da Enel. Nós vamos convidar a Aprece (Associação de Prefeitos do Ceará) para vir se manifestar e convidar qualquer prefeito e prefeita que queira vir aqui dizer o que tá sofrendo no seu município”, prosseguiu.
“O trabalho vai ser recheado de participações e denúncias contra a Enel, e repito, nós não queremos prejudicar a Enel em nada, nós só queremos que ela preste um bom serviço e cobre um preço justo”, justificou.
O deputado Felipe Mota (União Brasil) e membro titular da CPI, complementou a fala do presidente da CPI, afirmando ser necessário ouvir e dar espaço para três setores: a defesa do consumidor, setor produtivo e municípios que enfrentam problemas com a companhia elétrica.
“É importante a comissão parlamentar abrir para três setores: defesa do consumidor, que é o que mais buscamos, a questão do setor produtivo, com as indústrias e o crescimento do emprego, e também com a questão dos municípios que alegam que não conseguem terminar as suas obras, fazer ali modificações que possam gerar a melhoria de políticas públicas”, completou.
Os integrantes da comissão foram escolhidos no dia 10 e segue o critério da proporcionalidade. O bloco liderado pelo PT, o maior da Casa, tem três membros; o PDT tem dois integrantes; PL, União Brasil, MDB e PP tem uma vaga, cada.
Veja quem integrará a CPI:
- Fernando Santana (PT) – presidente
- Carmelo Neto (PL) – vice-presidente
- Guilherme Landim (PDT) – relator
- Diassis Diniz (PT)
- Gabriella Aguiar (PSD)
- Bruno Pedrosa (PDT)
- Romeu Aldigueri (PDT) – vaga cedida pelo Progressistas
- Felipe Mota (União Brasil)
- Agenor Neto (MDB)
Suplentes:
- Larissa Gaspar (PT)
- Doutora Silvana (PL)
- Antônio Henrique (PDT)
- Guilherme Sampaio (PT)
- Simão Pedro (PSD)
- Lia Gomes (PDT)
- Leonardo Pinheiro (Progressistas)
- Sargento Reginauro (União Brasil)
- Danniel Oliveira (MDB)
Posicionamento da Enel e da Eletrobrás sobre o mais recente apagão
“A Enel Distribuição Ceará esclarece que, após um desarme na linha da empresa transmissora que atende o Ceará, a companhia identificou um desligamento também em sua linha de transmissão de 69 KV, o que causou a interrupção no fornecimento de energia para alguns clientes nas regiões metropolitana e Fortaleza nesta madrugada. O desligamento na rede da distribuidora trata-se de processo normal de proteção do sistema elétrico, que ocorre após alguma oscilação na rede. A Enel restabeleceu a energia para todos os clientes de forma gradativa em pouco mais de uma hora, até 5h57, e trabalha em conjunto com a Chesf para apurar a dinâmica dos eventos”.
“A Eletrobras esclarece que o desligamento ocorrido neste sábado (19), às 4h28, na região metropolitana de Fortaleza, teve origem em defeito na subestação Pici II, em setor sob responsabilidade da Enel Ceará. A subestação é compartilhada entre a Eletrobras Chesf e a distribuidora Enel Ceará, no qual o setor de 69kV é de responsabilidade da Enel Ceará e o setor de mais alta tensão (230 kV), de responsabilidade da Eletrobras Chesf. O problema ocorreu no setor de 69kV, portanto, sob responsabilidade da Enel Ceará. Imediatamente após o desligamento, a Eletrobras Chesf informou a disponibilidade de todos os seus ativos ao Operador Nacional do Sistema, procedendo o restabelecimento do setor de 230kV, logo após autorização da Enel Ceará”.