Só fala grosso na live e no cercadinho. Ameaça de público mas, perante os juízes do TSE, ele colocou o rabo entre as pernas, afinou a voz e jurou que só quer “melhorar” a urna eletrônica
Jair Bolsonaro não conseguiu cumprir o que havia prometido em sua live do dia 29 de julho, de levar um milhão de pessoas às ruas em apoio às suas intenções golpistas. O pretexto era um ato contra as urnas eletrônicas e em defesa do voto impresso. O que se viu foi mais um fracasso em sua tentativa de tumultuar as eleições do ano que vem e criar condições para uma ruptura democrática.
“Eu tenho certeza, se eu pedir ao povo no dia tal, comparecer na [avenida] Paulista em São Paulo, que é o município mais tenso do Brasil, vai comparecer 1 milhão de pessoas lá”, tinha declarado ele na live onde supostamente o capitão cloroquina apresentaria a prova que seria uma “bomba” supostamente confirmando que houve fraude nas eleições anteriores. Nada foi apresentado e, pior, pouca gente compareceu aos atos do “mito”.
Mais ainda. Além deste fracasso das ruas, Bolsonaro sofreu um outro revés, que foi a decisão, tomada na segunda-feira (2), pelos tribunais superiores do país – Tribunal Superior Eleitoral e Supremo Tribunal Federal – de abrir um inquérito administrativo contra ele pela narrativa golpista.
Os tribunais decidiram também incriminá-lo pelas invencionices de que teria havido fraudes eleitorais e resolveram incluí-lo como investigado no inquérito, já em andamento, sobre as fake news e ameaças feitas às instituições e ao processo democrático.
Ou seja, foram duas derrotas seguidas, nas ruas e nos tribunais. Não passou, portanto, de mais uma bravata, a nova fala de Bolsonaro atacando o ministro Luiz Roberto Barroso e anunciando sua intenção de tentar uma nova mobilização de rua, ou, como ele chamou, o “último alerta”.
Bolsonaro acusou o golpe em sua resposta oficial ao questionamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na live e em aparições públicas, ele garantia, de forma arrogante, e sem provas, que houve fraudes nas eleições e que ele não aceitará a urna eletrônica, mas, na resposta oficial ao TSE, ele colocou o rabo entre as pernas e disse que não é bem assim, que ele está apenas pedindo para se aprimorar a auditagem das urnas. Ou seja, na hora H, ele afinou.
Bem diferente foi o que ele disse a apoiadores antes da resposta oficial. “Sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição. Nós mais que exigimos, podem ter certeza, juntos, porque vocês são, de fato o meu exército, o nosso exército, fazer com que a vontade popular seja expressada na contagem pública do voto”, afirmou. “O nosso entendimento, a minha lealdade ao povo brasileiro, o meu temor a Deus, a nossa união nos libertará da sombra do comunismo e do socialismo”, ameaçou.
E foi mais além, chamando para a última cartada. Disse que, se necessário, convocará os paulistanos a irem novamente às ruas pelo voto impresso para dar um “último alerta”. “Se preciso for, para dar um último alerta àqueles que não tem respeito para conosco, eu convidarei o povo de São Paulo, a maior capital do Brasil, a comparecer à (Avenida) Paulista para que o som deles, a voz do povo, seja ouvida por aqueles que teimam em golpear a nossa democracia”, incitou.
Diferente do tom ameno da resposta oficial, Bolsonaro tinha atacado o ministro Luiz Roberto Barroso. Disse que ele estava prestando um desserviço à nação. “O ministro Barroso presta um desserviço à nação brasileira, cooptando gente de dentro do STF ou dentro do TSE como se fosse uma briga minha contra o TSE ou contra o Supremo. Não é contra o TSE nem contra o Supremo. É contra o ministro do Supremo, presidente do TSE, querendo impor a sua vontade”, disse o mandatário.
Insistindo no crime que começa a ser investigado, Bolsonaro continuou ofendendo o presidente do TSE. “Mesmo ele defendendo a liberação das drogas, o aborto e a redução da maioridade para estupro de vulneráveis. Nós sabemos o que o Barroso pensa da família. Votou há pouco tempo sobre os direitos das amantes. É bom falar, é bom recordar isso aí”, afirmou.
Ele tentou individualizar os ataques apenas em Barroso, mas a resposta do TSE foi unânime. Ou seja, não é só Barroso que colocou rédeas curtas no atarantado. No STF, só não foi unânime porque o indicado de Bolsonaro, Nunes Marques, sozinho, obedeceu o chefe e defendeu o voto impresso.
Deus me livre que chegue logo 2022 espero que o povo acorde para vida e coloque esse facista para fora Bolsonaro