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“No Ocidente, eles criam a impressão de que amanhã haverá uma guerra em nosso país, mas não é esse o caso e não precisamos de tanto pânico”, disse o presidente ucraniano. Fuga de capitais já superou 12,5 bi.
Até o próprio presidente Volodymyr Zelensky veio a público exortar o presidente Joe Biden a maneirar a histeria que Washington vem promovendo sobre a “iminente invasão” da Ucrânia pela Rússia, advertindo que, pelo andar da carruagem, o país ameaça afundar no mapa antes, só por causa do pânico que os EUA insistem em açular.
“Pela cobertura da mídia, parece que já estamos em guerra, que os tanques estão rolando, as tropas marchando, que há mobilização, que as pessoas estão em fuga. Não é verdade. Não precisamos desse pânico”, disse Zelensky em uma entrevista coletiva em Kiev na sexta-feira (28).
“Não vemos uma escalada maior do que antes”, acrescentou, enfatizando que o exagero nas tensões em torno da Ucrânia já causou um forte impacto em sua economia.
“Tenho falado com políticos importantes e explicado que somos forçados a estabilizar nossa economia por causa de todos esses sinais de que haverá guerra amanhã”, assinalou o ex-ator e comediante.
Ainda segundo Zelensky, tais exageros vieram até de “políticos respeitados” que disseram “abertamente, nem mesmo em linguagem diplomática, que ‘haverá guerra amanhã’”. Carapuça que cai muito bem ao secretário de Estado Anthony Blinken e ao próprio Biden, que já devem estar fazendo o devido uso da decorativa peça na Casa Branca.
“Isso leva ao pânico. Pânico nas bolsas de valores, pânico no setor financeiro. 12,5 bilhões foram retirados da Ucrânia desde o início do pânico”, repetiu Zelinsky sobre o que a histeria made in Washington está causando. Ele não especificou se estava se referindo à moeda ucraniana (grivna) ou a dólares ou euros.
Ao mesmo tempo, Zelensky comentou sobre a evacuação de diplomatas da Ucrânia realizada por vários países – entre esses, EUA, Reino Unido e Austrália -, medida que chamou de “erro”. “Acho que é um erro. Falo abertamente sobre isso. Não tenho o direito de dizer que é um erro dos governos de países respeitados. Acho que é um erro para nós, para a Ucrânia”, enfatizou.
Quanto a Zelensky, é importante lembrar que ele venceu as eleições e derrotou o oligarca Poroshenko prometendo a paz e depois se enquadrou na mesma política ditada pela embaixada norte-americana desde o golpe CIA-neonazis de Maidan.
SEM ATAQUE IMINENTE
Também o ministro da Defesa ucraniano, Alexey Reznikov, esclareceu na semana passada que não há nada que indique uma invasão russa iminente de seu país já que “as forças armadas da Rússia não criaram grupos de ataque, que indicariam que estão prontos para lançar uma ofensiva amanhã”.
O conselheiro chefe de Segurança Nacional ucraniano, Alexei Danilov, em uma entrevista à BBC, igualmente desmentiu as alegações do Pentágono e da mídia. “O número de tropas russas não está aumentando na forma em que muitas pessoas pintam hoje. Eles têm manobras lá – sim, mas eles estavam nelas o tempo todo. Este é o território deles, eles têm o direito de se mover para a esquerda e para a direita lá. É desagradável para nós, mas não é novidade”.
A BBC indagou de Danilov o porquê da situação estranha em que os países ocidentais “estão cheios de manchetes de que pode haver uma invasão da Ucrânia em breve, e aqui em Kiev, todos são aconselhados a se acalmar e ‘não se apavorar’”.
Danilov considerou difícil dizer por que tais declarações barulhentas começaram “agora”. “Cada país vive em seu próprio ambiente político, retrucou. “Hoje existe uma situação de política pós-guerra, muita coisa está acontecendo no mundo”. Para ele, em alguns casos, são os “eventos políticos domésticos” os dominantes de certos processos.
ALARMISMO INCESSANTE
Em Washington o alarmismo sobre a ‘invasão russa’ continua, da porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, à subsecretária de Estado, Wendy Sherman, que reiteraram ver “todas as indicações” de que a Rússia planeja usar suas Forças Armadas contra a Ucrânia em meados de fevereiro.
Após Washington anunciar a retirada de funcionários não essenciais de sua embaixada em Kiev, alegando ser “iminente” uma invasão russa, o próprio Zelensky veio a público dizer que “está tudo sob controle e não há razão para pânico.
Sobre a evacuação de diplomatas, uma fonte próxima a Zelensky disse ao portal norte-americano BuzzFeed que a Ucrânia é mais segura para cidadãos norte-americanos do que “cidades com alto nível de criminalidade, como Los Angeles”.
Na entrevista, Zelensky também negou relatos da mídia – leia-se CNN – de desentendimentos entre ele e Biden por telefone. “Não temos nenhum mal-entendido com o presidente dos Estados Unidos. Simplesmente, entendo profundamente o que está acontecendo no meu país e ele entende bem o que está acontecendo nos EUA”, asseverou.
O “mal entendido”, segundo a mídia norte-americana é que Biden havia dito por telefone a Zelensky para se “preparar para o impacto” e que a invasão russa seria “praticamente certa quando o solo congelar” e que Kiev poderia ser “demitida”, o que a Casa Branca nega peremptoriamente.
“APOCALYPSE JOE”
A drástica queda nos índices de popularidade de Biden vem suscitando, em certos círculos norte-americanos, segundo as más línguas, as conclamações ao velho remédio de criar uma crise internacional para tirar o foco dos desastres domésticos.
Afinal, Bill Clinton, depois do escândalo com Mônica Levinsky no Salão Oval, sobreviveu bombardeando o Iraque e o Afeganistão.
Com a maior inflação em 40 anos, mais mortos de Covid-19 sob o presidente democrata do que sob Trump, caos nos portos e nas cadeias globais e até prateleiras vazias, já há, entre os chargistas norte-americanos, quem esteja caracterizando Biden como “Apocalypse Joe”.
Já a Rússia, que está negociando com os EUA e a Otan a restauração do princípio da segurança coletiva e indivisível na Europa, o que inclui o fim da expansão da Otan e não ingresso da Ucrânia, tem repetidamente chamado de “histeria” essas declarações de Washington, com o chanceler Sergei Lavrov dizendo que “no que depender da Rússia não haverá guerra”.
Como diz o presidente Putin, não fomos nós que instalamos sistemas de armas de ataque nas fronteiras dos EUA, mas os EUA que já chegaram com suas armas “às nossas portas”.