No Meia Noite em Pequim desta semana, da TV Grabois, o pesquisador e escritor Elias Jabbour, a partir da notícia que chocou o mundo – a decisão do presidente Joe Biden de tomar os dólares do BC do Afeganistão sob controle de Washington, em nome da ‘reparação dos atentados do 11 de Setembro’ -, compara as relações que os EUA e a China mantêm com outros povos mais pobres.
Comparação que, aliás, começa pelo fato de que foi a China que denunciou que “o país mais rico do mundo estava saqueando o país mais pobre do mundo”.
Isso, apesar de que haja quem insista na ‘tese’ de que a China seria um ‘país imperialista igual aos Estados Unidos’, e o que estaria em jogo na cena internacional seria uma ‘guerra interimperialista’, não uma guerra colonial dos Estados Unidos contra a China.
O que conduz a dois paradigmas, respectivamente Afeganistão-Iraque (pelos americanos) e Camboja-Laos (pelos chineses).
Todo mundo sabe que os americanos passaram 20 anos dentro do Iraque e do Afeganistão, deixando milhares de mortos e um legado enorme de destruição. No Afeganistão, assinala Jabbour, os americanos não construíram uma ponte sequer, e no Iraque saquearam abertamente o petróleo.
Nesse primeiro paradigma, se vê ainda a transformação do dólar em arma de destruição em massa, que tenta sufocar economias como Coreia Popular, Venezuela e Cuba, impedindo até mesmo que comprem alimentos ou remédios.
Já no segundo paradigma, tem a China inaugurando recentemente um trem de alta velocidade com o Laos, o país mais bombardeado do mundo, durante a guerra do Vietnã. E o Camboja, onde a China também tem grandes investimentos em infraestrutura que estão mudando a cara do país.
São essas duas formas de interação, a chinesa e a americana, que teremos que discutir e inclusive escolher para o Brasil, observa Jabbour.
Voltando ao Afeganistão, o pesquisador aponta como a China procura uma interlocução com o governo que chegou ao poder ali, havendo a proposta de criar uma linha entre Xinjiang e o Paquistão, que poderia levar a uma redução do custo das commodities africanas para a China, que tem se mostrado um parceiro confiável na construção de escolas e pontes e outras possibilidades de intercâmbio.
Elias Jabbour é professor dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas e em Relações Internacionais da UERJ.