Realizado neste 3 de julho, protesto convocado pelos movimentos sociais e estudantis ganha amplitude com adesão de partidos como PSDB, PDT, PSB, Cidadania e PV. “O que nos une é o Fora Bolsonaro”, destacaram os deputados Orlando Silva e Tabata Amaral
Manifestações exigindo o fim do governo de Jair Bolsonaro marcaram este sábado, 3 de julho, por todo país. Em São Paulo foi registrado o maior protesto reunindo dezenas de milhares de pessoas na Avenida Paulista.
O ato, mesmo marcado para as 16h, começou a concentrar pessoas na Av. Paulista por volta de 14h. Com o passar das horas a via foi sendo tomada pelos manifestantes e foi fechada para os carros às 16h. Por volta das 17h, nove quarteirões da avenida estavam ocupados pelo ato que foi convocado pelos movimentos sociais e estudantis.
Os manifestantes gritavam ‘Fora Bolsonaro, genocida’, também portavam diversos cartazes dizendo “Nossa vida vale menos de 1 dólar”, “Sobrepreço na vacina não, Impeachment sim”, fazendo menção ao escândalo de corrupção envolvendo o governo e a compra da vacina Covaxin e também a denúncia de pedido de propina por vacinas da AstraZeneca feitos por um representante do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro. Ambos os casos abordados pela CPI da Covid no Senado Federal.
Diferente das últimas manifestações contra Bolsonaro na capital paulista, o protesto deste 3 de julho, foi marcado pela retomada das cores da bandeira nacional. A Avenida Paulista se encheu de verde amarelo com centenas de bandeiras do Brasil em mastros e pessoas enroladas no manto da nação. Uma gigantesca faixa verde e amarela onde se lia “Impeachment já” era pintada por estudantes na concentração da manifestação.
O ato contou com a participação de diversos movimentos sociais, por moradia, indígenas, partidos políticos, entidades estudantis e de classe de diversas categorias de trabalhadores e até blocos de carnaval somaram suas baterias pedindo Fora Bolsonaro. Partidos considerados de centro e de direita também marcaram presença no protesto.
Pela extensão da avenida manifestações artísticas representando o genocídio do Bolsonaro ocupavam as ruas, em uma delas, notas fictícias de 1 Dólar foram manchadas com tinta vermelha representado o sangue dos brasileiros mortos enquanto o governo cobrava propina por doses de vacina. Pessoas se fantasiaram de personagens emblemáticos da CPI da Covid mostrando o descaso de Bolsonaro com a vida dos brasileiros no combate a pandemia, mas apesar da revolta o clima era de esperança, por mais vacinas e a queda do presidente.
A ex-vereadora e dirigente da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), Lídia Correa (PCdoB), afirmou que foi muito importante a manifestação deste sábado na Paulista ter se ampliado com forças políticas fundamentais na luta contra Bolsonaro. Ela citou como exemplos o PSDB, o Cidadania, o PSB e o MDB que estiveram presentes junto com os demais partidos e entidades que organizaram a manifestação. “O país está vivendo uma grande tragédia debaixo deste desgoverno. São mais de 520 mil brasileiros mortos pela sabotagem de Bolsonaro à compra das vacinas”, disse Lídia.
“Agora “, disse ela, “ainda vemos estarrecidos os escândalos de corrupção no caso da compra da vacina Covaxin”. “Caiu a máscara de Bolsonaro. Se antes ele e seus filhos já roubavam com as rachadinhas, agora é ‘um dólar por dose’ de vacina, são milhões de dólares. Temos que tirar esse governo já, e para isso é necessária a participação de todos os partidos e lideranças que não querem o Bolsonaro. Nós vamos fazer a mais ampla frente política que esse país já viu para derrotar o fascismo”, defendeu Lídia Correa.
Nós queremos muito mais
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB), participou do ato deste sábado e relembrou que a Avenida Paulista foi palco das manifestações que derrubaram Collor e que isso não será diferente.
“Em 1992 sacudimos a Avenida Paulista e derrubamos o Fernando Collor de Mello. Ali se aprendeu que com estudante não se brinca. Com gente como nós, gente que é apaixonada pelo Brasil, que tem orgulho dessa bandeira que é nossa, não é daquela cambada de gente fajuta e mentirosa, com o povo trabalhador do Brasil não se brinca”, disse o deputado.
Orlando destacou que não faltam motivos para se estar na rua: “São mais de meio milhão de mortes. Esse ato é pela vida. É por vacina pra todo mundo. São milhões e milhões de desempregados. Esse ato é por emprego, por direitos e por justiça”.
O deputado federal ressaltou ainda a necessidade de amplitude neste momento. “Nesse bloco tem que caber todo mundo. Quando cheguei aqui na Paulista, um repórter me perguntou. Mas tem gente do PSDB, tem gente do Cidadania e eu respondi. Que maravilha. Nós queremos muito mais”.
“Porque essa luta não será vitoriosa se ficarmos só um punhado. Se ficarmos apenas entre nós com nós, entre somente os partidos de esquerda. Eu estou de luto pela tristeza do Brasil. Com tantas mortes. mas estou feliz porque vamos resgatar essa bandeira do Brasil porque ela é nossa. De hoje até o dia que esse infeliz genocida cair. Não sairemos das ruas sem parar de gritar Fora Bolsonaro, concluiu.
É sobre proteger a nossa democracia
A deputada federal, Tabata Amaral, destacou que cabem todas as cores na defesa da democracia. “Estou fazendo questão de andar de uma ponta à outra da manifestação para mostrar que aqui cabem todas as cores, basta ser democrata, basta ser contra esse governo criminoso, porque se a gente não fizer uma mobilização para além dos partidos, para além da disputa ideológica entre esquerda e direita, a gente não vai conseguir votar o Impeachment do Bolsonaro, então isso daqui não é só importante, isso daqui é essencial, sem ampliar a manifestação, sem ampliar a mobilização contra o Bolsonaro, a gente não vai conseguir tirar ele do poder, entendendo que a nossa democracia que está em risco, a nossa democracia depende disso”.
Para Tabata, ficou claro que este governo tentou lucrar com as vacinas.
“Uma talvez das últimas teses que o Bolsonaro tentava defender era de que ele era contra a corrupção, antes de se entender de alguém que fez rachadinha, funcionário fantasma dizer que é contra a corrupção, mas quando fica claro para todo mundo que este governo tentou lucrar com as vacinas, que esse governo é corrupto, da pior espécie, pra mim a gente vai mostrando pra população que de novo, não é mais ou menos pior, não é uma escolha difícil, não é mais sobre esquerda e direita como algumas pessoas diziam, é sobre a gente proteger a nossa democracia e para isso de novo, precisamos tirar o Bolsonaro do poder”, destacou.
Desejamos um governo preocupado com as vidas
Fernando Alfredo, presidente municipal do PSDB de SP, avalia que ato deste sábado, o terceiro deste ano, comprova que o que a sociedade deseja “é um presidente coerente com aquilo que foi eleito e está mostrado que não é”.
“Esse cara a cada dia que passa se mostra um negacionista, preconceituoso, homofóbico e ladrão, nada diferente de outros governos. Então o que queremos hoje é que se restabeleça a democracia e que tenhamos um governo de fato preocupado com as vidas humanas”, destacou.
Segundo o presidente do PSDB da capital, a entrada de partidos como o PSDB, Cidadania e PSB nos protestos mostra a força da união contra Bolsonaro. “São partidos que historicamente caminham juntos e neste ato inclusive se articulamos durante a semana, mobilizamos a nossa militância para mostrar que nós estamos unidos pelo Fora Bolsonaro”.
União contra Bolsonaro
Carlos Fernandes, presidente municipal do Cidadania de São Paulo, afirmou que “este será mais um ato de vários atos que estão acontecendo, que vão acontecer para que a mobilização popular pressione os congressistas para encaminhar a questão do Impeachment do Bolsonaro e principalmente que nós façamos uma união nacional contra o Bolsonaro, a favor da vacina, a favor da ciência e a favor da vida”.
Segundo ele, a mobilização da sociedade cresce cada vez mais. A adesão da população, da sociedade contra o genocida Bolsonaro é muito importante e vai cada vez mais tendo participação popular, união de todos contra esse genocídio que vem acontecendo com as mais de 500 mil mortes e aqui nós vamos celebrar a vida, a vacina e a ciência, é isso que vai transformar e o que mobiliza as pessoas”.
Carlos Fernandes destaca que as denúncias sobre os casos de corrupção ampliarão os protestos. “Sempre tinham os pilares de honestidade entre aspas que o presidente falava, mas essa agora cai, mais uma, que é a questão da corrupção como sempre acontece nessas coisas e vai mobilizar cada vez mais pessoas, mais indignadas com esse governo, como tratar a saúde de modo negacionista de um lado, não comprando a vacina e por outro liberar a torneira pra gastar com vacina que inclusive que não funciona, gastando com corrupção”, ressaltou.
Ampliar a frente democrática
O vereador Eliseu Gabriel, presidente do PSB de São Paulo, considerou “fundamental” o ato realizado após as denúncias contra Bolsonaro. “Nós temos que organizar uma grande frente democrática para derrotar esse governo fascista que está aí. É fundamental essa união de todas as forças democráticas neste momento muito grave que a gente vive de risco a democracia”.
Ele destacou a necessidade de ampliar ainda mais os protestos. “Eu acho que esse tem que ser o nosso esforço, eu acho que esse é o nosso caminho, eu tenho certeza que vai ampliar e vai crescer muito”.
“O PSB está firme na luta, estamos aqui com vários militantes, bandeiras e o PSB está aqui firme na luta democrática contra esse processo de construção do Estado Policial Miliciano que está em curso no Brasil”, ressaltou.
A força está nas ruas
O presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES), Lucas Chen, destaca que a “manifestação depois das denúncias dos casos de corrupção tem uma importância única. A necessidade agora de nos unirmos com todas as forças para derrotar o Bolsonaro se faz na prática. Ainda mais com os casos de corrupção durante uma pandemia e em cima das vacinas”.
“É por isso que temos convidado todos os estudantes e pessoas de diferentes visões políticas e que se opõe ao que Bolsonaro está fazendo. Vemos também diferentes forças políticas se somando a esta luta única que é pelo impeachment de Bolsonaro”, destacou Chen.
O líder estudantil ressaltou ainda que “as manifestações são fundamentais por conta disso. Vamos demonstrar essa força. E quando estudante vai pra rua, todos sabem o resultado”.
“A ideia é mostrar como o Bolsonaro desprezou a vida das pessoas ao não comprar as vacinas, e no momento que tentou comprar, tentou superfaturar”, afirma o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão.
Iago conta que a ideia da performance com os dólares manchados de sangue é “mostrar como o Bolsonaro desprezou a vida das pessoas ao não comprar as vacinas, e no momento que tentou comprar, tentou superfaturar, ganhar dinheiro em cima de algo essencial para salvar as pessoas. Ele tem esse sangue nas mãos dele, de um negacionismo que se mistura com corrupção”.
“Além de ser um governo autoritário, que não respeita a democracia, é negacionista, nega a ciência e a vacina. Além disso tudo, ele tenta ganhar em cima da vida das pessoas, é o pior tipo de corrupção”, finaliza Iago, que estuda economia na Universidade de São Paulo (USP).
Para o presidente da UNE, entre a segunda manifestação e essa, os crimes cometidos por Bolsonaro aumentaram. “Não existe qualquer possibilidade de proteção ao povo brasileiro com a política de morte e desmonte praticada por esse governo. É urgente que ele responda por seus crimes e seja impedido de continuar (des)governando o país”.
Marcos Kauê, coordenador do DCE da USP alertou que o que “nós estamos vivendo um momento muito difícil durante essa pandemia Bolsonaro tenta cada vez mais boicotar as vacinas, a ciência e os protocolos de segurança, sem qualquer ação para mitigar a pandemia e ainda incentivando com suas ações com mais e mais mortes por essa doença. Por isso é muito importante que cada estudante, consiga estar na rua para derrotar Bolsonaro. O DCE da USP chamou assembleia para convocar os estudantes para as ruas, pra derrotar Bolsonaro”.
Lucca Gidra, diretor de Cultura da UMES, comemorou a amplitude do ato deste sábado. “Estamos aqui na rua hoje compondo o bloco democrático, o bloco da frente ampla com todo mundo que não quer mais Bolsonaro. Tem gente do PCdoB, do PSDB, do Cidadania, do PT, do PSB, do PDT, do PSol, do PV… Pessoas de diferentes forças políticas, mas que tem uma coisa em comum. São todos Fora Bolsonaro”.
MAÍRA CAMPOS
PEDRO BIANCO
RODRIGO LUCAS
TIAGO CÉSAR
ANDRÉ SANTANA