O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, criticou a ação do governo federal em bisbilhotar senadores da comissão e hipotecou “toda a nossa [da comissão] solidariedade” aos senadores atingidos, principalmente o senador pelo Estado de Sergipe, Rogério Carvalho (PT), que denunciou uma ação governista contra si em seu Estado.
Ao criticar as ações do governo na reunião da CPI desta terça-feira, Aziz denunciou que Bolsonaro recebeu “às escondidas” uma “deputada nazista”.
Leia os trechos do pronunciamento do presidente da CPI:
“NINGUÉM QUE VAI NOS INTIMIDAR”
“Duas semanas atrás soltaram um documento da década de 1980, de que eu me orgulho muito de ter participado, no movimento democrático para que nós aqui pudéssemos estar falando hoje o que a gente quer aqui. Não era assim, não! Não era mesmo”, explicitou Aziz.
“Eu participei da luta pela democratização do País, pelas ‘Diretas Já’, por uma nova Constituinte. Tenho muito orgulho. E soltaram de uma forma pejorativa me chamando de palestino não sei o quê. Me honra muito ser filho de um palestino que veio num navio com passaporte jordaniano e aqui desembarcou na Bahia; foi para o interior de São Paulo e conheceu minha mãe e se casou com a minha mãe; e, para se casar com a minha mãe, ele teve que fazer o batizado dele e a primeira comunhão porque meu avô italiano não permitia que a filha dele não se casasse numa igreja. Então, isso daí fizeram comigo, fizeram comigo isso”.
“Então, senador Rogério Carvalho, vossa excelência tem toda a nossa solidariedade. E não há ninguém que vai nos intimidar, não, até porque todos nós um dia vamos morrer, padecer da… Se é hoje ou amanhã, não vai fazer diferença. Agora, faz diferença, sim, a nossa atuação aqui para que mais de 555 mil vidas que já se perderam não fiquem impunes”, enfatizou o presidente da CPI.
“Diferentemente, às escondidas, o presidente [Jair Bolsonaro] recebe uma deputada nazista afrontando a Constituição brasileira, afrontando a nossa democracia, afrontando o Holocausto”.
“Afrontando o Exército brasileiro”, concordou o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “E afrontando o Exército brasileiro que lutou contra o nazismo”, corroborou Aziz.
“E ele [o presidente da República] recebe às escondidas [a deputada nazista], e aí ninguém abre a boca aqui para falar”, falou Aziz referindo-se aos senadores governistas da CPI.
SOLIDARIEDADE AO POVO JUDEU
“Nós temos que respeitar o povo judeu. Eles… Eu vejo várias bandeiras de Israel nas manifestações do presidente Bolsonaro, e ele, às escondidas, apunhala [os judeus]. Quando é para pedir ajuda, liga para o primeiro ministro da Israel”.
“Mas quando é para reunir às escondidas, se reúne com uma deputada nazista. E a isso aí este Congresso, o presidente do Congresso Nacional não pode se calar, o presidente da Câmara não pode se calar, nós não podemos permitir isso. Nazismo, não! Nazismo, não! E o senador Renan, numa mera ilação em relação a julgamentos, quase foi crucificado”.
“Nós somos solidários ao povo judeu que sofreu com o holocausto, somos solidários a todos aqueles que morreram na Segunda Guerra Mundial para salvar o mundo do nazifascismo. E fazemos isso falando não às escondidas, tirando foto, sorrindo com uma nazista. É isso que nós estamos vendo hoje no Brasil, é esse comportamento. E não me espanta que vossa excelência [senador Rogério Carvalho] esteja sendo investigado”.
“É lógico que aquele documento que vazou é da Abin. Olha, pode vir, não tem problema, a minha vida é um livro aberto, pode falar o que quiser, mas não vamos arredar um milímetro de investigar as 555 mil mortes e mais de milhões de brasileiros sequelados por uma doença em que o governo foi omisso”.