“Me erre. Aqui não tem otário”, disse o presidente da CPI ao senador bolsonarista Marcos Rogério (DEM-RO), que afirmou que a comissão de inquérito no Senado é coordenada por “perfis falsos” na internet e perdeu o apoio popular. O senador bolsonarista atua para desmoralizar a comissão
Após o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) dizer que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19 era coordenada por “perfis falsos” na internet e perdeu o apoio popular, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), reagiu às falas e denunciou o governo Jair Bolsonaro, que Rogério defende na comissão.
O bate-boca começou após o “bordão” do relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), acabar gerando discussão. “Essa pergunta foi enviada pelos internautas”, sempre diz o senador nas reuniões.
Mais tarde, durante os questionamentos de Marcos Rogério, o senador voltou a falar do bordão de Renan.
“Como é que um internauta alerta sobre um documento sigiloso? Essa CPI está sendo comandada por perfis falsos da internet”, gritou Marcos Rogério.
REAÇÃO DE OMAR AZIZ
A declaração gerou revolta em Aziz, que começou a repreender o governista. “Você me erre, mermão! Aqui não tem otário, não! Vossa Excelência não é nenhum menino para acreditar em conversa da carochinha”, disse.
“Isso aqui que nós estamos mostrando é o governo que vossa excelência defende. É um governo desqualificado sim! Que permitiu que chegássemos a quase 600 mil mortes”, afirmou. “Os argumentos são esses! O senhor defende um governo irresponsável, incompetente e com pessoas incompetentes. É isso!”, acrescentou.
Em seguida, Renan entrou na discussão e afirmou que Marcos Rogério quer esconder a “bandalheira”. “Quero investigar tudo”, respondeu o governista.
O DIA DA CPI
O tenente-coronel da reserva do Exército, Marcelo Blanco da Costa, depôs, nesta quarta-feira (4), à CPI da Covid-19, do Senado.
O ex-diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, exonerado em janeiro, era subordinado ao então diretor de Logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, e participou do jantar em um restaurante de Brasília onde foi feita a proposta de pagamento de propina de US$ 1 por dose na compra da vacina da AstraZeneca.
O pedido de convocação foi feito pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Segundo o policial militar Luiz Paulo Dominguetti, representante da empresa Davati Medical Supply, que fez a denúncia ao jornal Folha de S.Paulo, confirmada na CPI, o encontro ocorreu em 25 de fevereiro deste ano, no restaurante Vasto, em shopping em Brasília.
Na ocasião, Dominguetti apontou que o coronel Blanco estava presente e que o teria apresentado a Roberto Dias. O ex-diretor de Logística confirmou que o jantar aconteceu, mas negou as acusações sobre o pedido de propina em 7 de julho, quando foi ouvido pela comissão.
Cristiano Carvalho, outro vendedor da empresa Davati Medical Supply no Brasil, também citou o militar durante o depoimento dele à CPI, em 15 de julho. “A informação que veio a mim não foi ‘propina’. Ele [Dominguetti] usou ‘comissionamento’”. Se referiu ao comissionamento sendo do grupo do tenente-coronel Marcelo Blanco e da pessoa que o tinha apresentado a Blanco, de nome Odilon”, declarou Carvalho.
Os senadores aprovaram ainda requisições ao Comando do Exército Brasileiro de todos os relatórios e informações de inteligência, com as correspondentes cópias, a respeito do tenente-coronel Blanco, assim como de Antônio Élcio Franco (ex-secretário-executivo da Saúde), Alexandre Martinelli Cerqueira (ex-subsecretário de Assuntos Administrativos da Saúde) e do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
DEPUTADO BOLSONARISTA TUMULTUA CPI E É EXPULSO
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), expulsou da reunião o deputado federal Reinhold Stephanes Junior (PSD-PR) e pediu para que informe sobre o ato e fato ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
O deputado estava no plenário da reunião da CPI, que ouvia o tenente-coronel da reserva do Exército Marcelo Blanco, ex-assessor da área logística do Ministério da Saúde. Blanco foi Exonerado da pasta em janeiro.
O tenente-coronel da reserva teria participado de jantar em restaurante localizado em shopping, em Brasília, dia 25 de fevereiro. Na ocasião, segundo revendedor de vacinas Luiz Paulo Dominghetti, houve pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina.
Stephanes Junior tumultuou e criticou a oitiva. Após o incidente, Randolfe, que presidia a sessão, acionou a polícia legislativa para retirar o deputado do plenário.
“Essa presidência garantirá a todos os membros do Congresso Nacional o livre acesso a essa CPI. Entretanto, essa CPI não admitirá tentativa de tumultuar o trabalho ou, ao mesmo tempo, atos de provocação, atos de intimidação aos membros. Nesse sentido, nós comunicaremos ao presidente Arthur lira o ocorrido desta manhã por parte do deputado”, afirmou.
É a segunda vez que esse tipo de ocorrência se dá na CPI. A primeira vez foi com a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), que certa feita compareceu à CPI e criou confusão na reunião.
M. V.