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Ao menos 46 mortes foram registradas em confrontos com a Polícia Militar da Bahia — 45 delas de supostos envolvidos com crimes e uma de um policial federal — somente em setembro. A grande maioria das mortes ocorreu em operações nos bairros periféricos de Salvador.
Dados compilados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que as mortes decorrentes de intervenção de agentes do Estado mais do que quadruplicaram desde 2015.
Naquele ano, a taxa de ocorrências desse tipo era de 2,3 para cada 100 mil habitantes. No ano passado, chegou a 10,4.
Em 2022, o estado liderou o ranking de mortes violentas no país, com quase 7 mil assassinatos, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número representa 50 casos a cada 100 mil habitantes.
De acordo com o Fórum, 1.464 dessas mortes aconteceram em confrontos policiais – uma média de 122 por mês.
O Estado da Bahia também foi o que mais matou pessoas em intervenções policiais no ano passado, seja de agentes em serviço ou fora dele. Esse número saltou de 1.335 em 2021, para 1.464 mortes em 2022. O órgão não dispõe de dados referentes ao ano de 2023.
A Secretaria de Segurança Publica da Bahia, informou, em nota que, de janeiro a agosto deste ano, as intervenções policiais com resultado morte apresentaram redução de 4,3%, em comparação com o mesmo período do ano passado, mas não divulgou os números absolutos.
Após diversos registros de confrontos neste mês de setembro, especialmente em Salvador, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, afirmou que a guerra entre facções é a principal causa da violência no estado.
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, já havia procurado o governo da Bahia, de Jerônimo Rodrigues (PT), para saber dos acontecimentos que resultaram na morte de 30 pessoas, em um período de uma semana de agosto, no estado, após diferentes confrontos com policiais militares. Somente na capital, Salvador, foram ao menos 10 mortos.
De acordo com o ministro, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos investigará os casos e ouvir as autoridades e os moradores da região. O mesmo procedimento foi adotado, para apurar as mortes no Guarujá, no litoral paulista, de alvos de uma operação da PM de São Paulo.
Em nota, o ministro informou, ao tratar dos recentes casos na Bahia, que “intervenções policiais que resultam em números expressivos de mortes não são compatíveis com um país que se pretende democrático e em consonância com os Direitos Humanos”.
Relembre casos de setembro:
- 6 de setembro: sete homens foram mortos em uma operação policial em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia;
- 6 de setembro: um homem, o último foragido suspeito de matar 10 pessoas em uma chacina em Mata de São João, Região Metropolitana de Salvador
- (RMS), foi morto em troca de tiros Dias D’Ávila, também na RMS;
- 3 a 7 de setembro: 11 suspeitos de integrar facções criminosas foram mortos em troca de tiros com a Polícia Militar nos bairros de Alto das Pombas e Calabar, que são vizinhos. Durante os dias de operações, mais de 15 moradores dos bairros foram feitos reféns por suspeitos;
- 10 de setembro: 2 pessoas foram mortas no Engenho Velho da Federação, bairro que fica próximo ao Alto das Pombas e Calabar;
- 15 de setembro: 4 suspeitos e um policial federal foram mortos no bairro de Valéria, durante uma operação da Polícia Civil em conjunto com a Polícia Federal;
- 16 a 21 de setembro: 10 suspeitos de envolvimento na ação que resultou na morte do policial federal foram mortos em Salvador e cidades da região metropolitana;
- 22 de setembro: cinco suspeitos de integrarem facções criminosas foram mortos em Águas Claras, bairro de Salvador, e um foi morto em Feira de Santana, a 100 km da capital baiana; 23 de setembro: cinco suspeitos mortos após dois confrontos com policiais militares na madrugada deste sábado (23), na cidade de Crisópolis, a cerca de 212 km de Salvador.