
Copom confirma arrocho monetário “maior e por mais tempo”
O Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (25) a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual para 14,25% ao ano. Na ata, o Comitê “antevê”, que vai aumentar novamente os juros em maio deste ano.
“A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, diz o documento. “O cenário de convergência da inflação à meta torna-se mais desafiador com expectativas desancoradas para prazos mais longos e exige uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado“.
O BC continua alegando que usa o aumento dos juros como instrumento de controle da inflação do Brasil. Uma prática ineficaz para conter a atual onda inflacionária que está sendo alavancada por fatores de adversidade climática e pressões externas, caso da alta de preços de commodities de alimentos e energia, como destacou o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.
“Se eu tenho uma seca muito forte, uma alteração climática muito grande, vai subir o preço de alimento e não adianta aumentar os juros, que não vai fazer chover”, disse Alckmin nesta segunda-feira (24). “O preço do barril de petróleo não adianta aumentar juros, que não vai baixar o barril do petróleo”, completou o vice-presidente, ao afirmar que a Selic elevada “atrapalha a economia”.
No entanto, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, assim como seus antecessores, insiste na falácia de que é preciso colocar a economia em recessão para baixar a inflação.
“O Comitê segue avaliando que o cenário-base prospectivo envolve uma desaceleração da atividade econômica a qual é parte do processo de transmissão de política monetária”, afirma o BC na ata, citando a desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre do ano passado (0,2%) na comparação com o trimestre anterior (0,7%).
A desaceleração econômica no último trimestre do ano passado veio pela estagnação da indústria (0,3%) e serviços (0,1%), além da queda do consumo das famílias (1%)
Com o arrocho imposto ao país, o BC reclama que “ainda que dados recentes sugiram alguma moderação, o mercado de trabalho permanece aquecido”. Ou seja, o BC quer mais contenção da economia.
“O arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo de reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta”, prossegue o BC, teimando em considerar erradamente a atual inflação brasileira como sendo provocada por excesso de demanda.