
Os bairros do centro da capital paulista voltaram a ficar no escuro na noite desta quinta-feira (21). Pelo quarto dia seguido nesta semana, a região central da maior cidade do continente sofre com o descaso da concessionária privada Enel que, ao invés de retomar o serviço para a população, resolveu tentar culpar a Sabesp pelos repetidos apagões na energia.
República, Santa Cecília, Vila Buarque, Consolação, Higienópolis e Bela Vista são alguns dos bairros afetados pela falha na distribuição. Os principais pontos do Centro Histórico da cidade ficaram às escuras. Da Avenida São João, ao Copan, na República, à Rua 25 de Março, no Glicério. Graças a Enel, a escuridão tomou conta da capital.

A Rua Paim, na Bela Vista, onde vivem milhares de famílias em prédios de mais de 30 andares, os elevadores e as bomba d’água não funcionam. Para tentar remediar a situação, a concessionária privada colocou geradores nas ruas, mas que não fornecem a energia necessária para garantir o abastecimento completo. Segundo funcionários terceirizados, a Enel não faz ideia do que causou o novo apagão na Rua Paim.
O colapso do atendimento da Enel se iniciou na última sexta-feira (15), com um apagão que desativou as pistas e torres de controle do Aeroporto de Congonhas, na zona sul da cidade. De lá para cá, foram diversos apagões e centenas de milhares de paulistanos prejudicados.
ENEL TENTA CULPAR SABESP
A Enel se nega a esclarecer as razões dos apagões. Segundo a última nota divulgada pela concessionária, que terceirizou as equipes de manutenção, rebaixou salários, demitiu sumariamente os funcionários mais qualificados, ela “tem mobilizado todos os esforços e recursos para restaurar os parâmetros originais da rede afetada”.
Mas, segundo a Enel, “o trabalho na rede subterrânea é complexo, envolve condições de temperatura e espaços confinados para acesso”. “A companhia está mobilizando um total de 25 geradores para abastecer os clientes impactados, enquanto segue trabalhando nos reparos da rede para normalizar integralmente o serviço”.
A privada continua acusando a estatal de saneamento Sabesp pelo apagão, que teria se iniciado a partir de uma obra da Sabesp na Vila Buarque. A companhia de saneamento refuta as acusações e aponta que os funcionários realizaram a escavação manualmente, justamente para não danificar as fiações.
PREFEITURA DIZ QUE ACIONARÁ ANEEL
Sete dias após o primeiro apagão, o prefeito da capital paulista resolveu criticar a Enel em suas redes sociais. Em seu perfil no Twitter, Ricardo Nunes diz que a “Prefeitura está indignada com a falta de respeito da ENEL com a população de São Paulo”.
Segundo ele, a “Prefeitura de São Paulo irá representar novamente contra a ENEL junto ao governo federal, através da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Tribunal de Contas da União (TCU). A administração municipal já havia ingressado recentemente com duas ações judiciais contra a empresa nesses dois órgãos”.
O prefeito tenta ainda se eximir de qualquer cobrança contra a Enel, jogando a responsabilidade para o governo federal. “Apesar de a empresa não ter qualquer vínculo contratual com a Prefeitura, já que cabe ao governo federal a concessão, regulação e fiscalização da empresa, através da Aneel, a Prefeitura, em nome da população, continuará de forma enfática cobrando dos órgãos responsáveis para que a empresa seja punida em defesa da população da nossa Cidade”, reforçou Ricardo Nunes em seu perfil no Twitter nesta sexta-feira.