Candidato bolsonarista alegou que sua fala foi “tirada do contexto”. Ele desdenhou da pandemia e ainda debochou dizendo que a “Covid é pontual. Ela só ataca no restaurante”
Em debate realizado entre os candidatos à Prefeitura de Belém, na sexta-feira (27), os candidatos debateram temas como o combate à pandemia, vagas em creches e investimento na saúde.
Durante o debate, Edmilson Rodrigues (PSOL) questionou o candidato bolsonarista Delegado Eguchi (Patriota) sobre qual postura pretende adotar no enfrentamento do coronavírus. Se será a mesma postura de Bolsonaro, de alheamento aos mais de 170 mil mortos em todo o Brasil e 2 mil mortos somente em Belém.
Eguchi respondeu que, “eu sempre digo, se máscara e o álcool resolvem o problema no supermercado, na farmácia, no ônibus lotado ou na Caixa Econômica que vai receber auxílio emergencial e ficam mais de mil pessoas prensadas lá, por que máscara, o álcool em gel e o distanciamento não vão resolver o problema num restaurante, numa escola, numa casa noturna? Então, eu acho que é uma Covid pontual. Ela só ataca no restaurante”, disse.
Edmilson discordou do adversário e destacou que a ciência deve ser obedecida. “Temos que fazer o que for preciso para salvar vidas, e vamos tratar com a seriedade que tem que ser tratada”, afirmou.
“Especialmente com as pessoas mais humildes, porque os ricos pegam um jatinho e vão se tratar lá em São Paulo”, disse.
Edmilson reforçou ainda que “as pessoas pobres têm que ter assistência do Município”. “Nesse sentido, uma policlínica móvel vai cumprir um papel fundamental. O Hospital de Retaguarda Dom Zico tem que ser aperfeiçoado, melhorado. As equipes têm que ser reforçadas e um convênio tanto com o Estado, que cumpriu um papel importante, quanto com a Universidade Federal do Pará, que é quem controla o Hospital Barros Barretos que tem uma grande capacidade ociosa e nós podemos utilizar, mediante convênio, como retaguarda para tratamento e salvarmos vidas. É uma situação muito séria e nós vamos tratá-la com seriedade porque temos compromisso com a vida”.
Edmilson questionou também o Delegado Eguchi por sua recente afirmação de que quem recebe Bolsa Família e auxílio emergencial “são vagabundos”.
Eguchi teve que se explicar alegando que sua fala foi “tirada de contexto”. Não disse de que jeito a declaração foi “tirada de contexto”. Mas admitiu: “Isso foi em Marabá, quando eu era chefe da delegacia que investigava fraudes no Bolsa Família”.
Na maior parte do debate, Eguchi centrou suas intervenções em críticas à administração de Edmilson quando ele esteve à frente da Prefeitura, em dois mandatos, enquanto Edmilson aproveitou para falar sobre seus planos para a capital paraense, como o programa de renda mínima para combater a miséria, o Bora Belém.
“A fome não espera. Vou criar o programa Bora Belém para não termos mais crianças passando fome nas ruas”, afirmou.
Rebatendo Eguchi, o candidato do PSOL também resgatou os feitos da sua administração, quando recebeu prêmios da ONU (Organização das Nações Unidas) por projetos na área de saneamento e coleta de resíduos sólidos, e na área da Educação.
“O atual prefeito fechou 3.600 vagas de creches e educação infantil – é uma violência”, afirmou Edmilson. “Sou educador, recebi prêmio da ONU como Prefeito Criança”, disse.
“Vou duplicar as vagas de creches e educação infantil, promover a educação inclusiva, com escolas de tempo integral, e valorizar os professores, sem perda salarial”, afirmou.